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Presidente da APB aponta quatro desafios para a banca em 2025

Vitor Bento disserta em quatro pontos: Regulação e conformidade; ESG e o papel dos bancos; Inovação e transformação digital; e Cibersegurança e resiliência operacional.
Cristina Bernardo
23 Janeiro 2025, 13h40

“O ano de 2025 trará ao sector bancário alguns novos desafios. A complexidade destes desafios não deixará, também, de constituir uma oportunidade de desenvolvimento das instituições e um estímulo à inovação tecnológica”, defende o presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) num artigo publicado na página da APB no Linkedin.

Vitor Bento disserta sobre quatro pontos: Regulação e conformidade; ESG e o papel dos bancos; Inovação e transformação digital; Cibersegurança e resiliência operacional.

“O ano que agora começa trará transformações importantes e com elas vêm novos desafios. Mas, se os desafios são grandes, as oportunidades também o são”, defende.

“Estou certo de que o sistema bancário português está à altura dos desafios e será capaz de se continuar a adaptar, contribuindo para o progresso económico e social”, refere o presidente da associação de bancos.

O presidente da APB começa por detalhar que as recentes alterações ao Regulamento de Requisitos de Capital (CRR3), – que introduzem na Europa as reformas finais de Basileia III – , começarão a ser aplicáveis em 2025.

Este ano será também o ano de transposição das alterações introduzidas à CRD (VI) para o direito nacional.

“Umas e outras, implicam um conjunto de exigências, cuja necessidade e proporcionalidade têm sido questionadas, face à estabilidade do sistema neste momento. Admite-se mesmo que os EUA não implementarão as reformas finais de Basileia III, o que, a acontecer e a Europa prosseguir na sua implementação, resultará em mais uma desvantagem competitiva da banca europeia”, refere Vítor Bento.

O presidente da APB alerta que “a implementação destes diplomas impactará os fundos próprios, com implicações variadas dependendo do modelo de negócio de cada banco.  Essas mudanças incluem novos critérios para a avaliação de riscos de crédito, operacionais e de mercado, bem como a integração de riscos ambientais, sociais e de governança (ESG)”.

“Os bancos terão ainda de adaptar-se a um conjunto mais amplo de requisitos de divulgação e gestão de dados, enquanto lidam com outros desafios regulatórios e supervisão aumentada”, acrescenta.

Já sobre as temáticas ambientais, o economista que lidera a associação diz que “nesta matéria, o sector bancário tem uma dupla responsabilidade: adequar a sua estratégia aos fatores ESG e apoiar as empresas neste caminho”.

“Quanto à sua atividade, os bancos têm vindo a integrar os fatores ESG, por exemplo, na definição de metas de carteira de crédito e de investimento, na gestão de riscos, no lançamento de linhas de crédito específicas, na estruturação de operações indexadas a objetivos de sustentabilidade e no lançamento de produtos de investimento”.

“No entanto, o sector bancário também será fulcral no apoio à transição das empresas, em particular das PME, para assegurar que estas integrem fatores ESG [indicadores ambientais, sociais e de governação corporativa] na sua estratégia e modelo de negócio, sejam transparentes na divulgação de informação e continuem a ter acesso a financiamento regular, e em condições competitivas”, acrescenta.

Para Vítor Bento a disponibilidade de informação atual da exposição aos riscos ambientais das empresas, sobretudo PME, é um dos desafios com que os bancos se confrontam para melhor cumprir a sua missão neste campo.

Por outro lado, a banca não está imune à revolução digital em curso em todos os sectores. “Aliás, as instituições que queiram prosperar terão de continuar a apostar na componente tecnológica, o que passará por integrar tecnologias emergentes, como a inteligência artificial, no seu dia a dia”, defende o presidente da APB.

“A implementação do AI Act em 2025 será um passo decisivo para enquadrar legalmente estas inovações, assegurando que a evolução tecnológica no sector financeiro seja tanto segura quanto benéfica. Este enquadramento deve promover a inovação, mantendo simultaneamente uma base de confiança sólida entre clientes e bancos”, acrescenta.

Por fim outro dos desafios está ligado ao Regulamento DORA (Digital Operational Resilience Act), que também entrará em vigor em 2025. “É preciso reforçar as defesas contra ciberataques cada vez mais recorrentes e sofisticados”, diz.

“A segurança cibernética e a resiliência operacional não são apenas áreas técnicas de Tecnologias de Informação. São, antes, questões críticas de governo societário que exigem uma atenção constante e investimentos contínuos”, escreve Vítor Bento.

“Os bancos empenham-se na proteção dos seus sistemas e dados, mas também em ter um papel ativo na capacitação dos seus clientes para interagir com os serviços financeiros de forma segura e informada”, refere o presidente da APB.

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