O Presidente cabo-verdiano disse hoje à Lusa que sentiu nas autoridades norte-americanas “uma enorme vontade de ver reforçadas as relações” entre os dois países, pelo que tentará estabelecer novas parcerias na região de Nova Inglaterra.
José Maria Neves encontra-se a cumprir os últimos dias de uma viagem que o levou a cidades norte-americanas como Boston, New Bedford, Waterbury, Pawtucket ou Brockton, e onde se encontrou com diversas comunidades e associações de cabo-verdianos, assim como com autoridades locais, estaduais e federais.
“Esta viagem está a ultrapassar todas as minhas expectativas. Tenho estado com jovens empreendedores, com igrejas, com várias autoridades, e estarei ainda em universidades e escolas. Tem sido muito bom ver o que a comunidade está a ganhar em termos de poder e há cada vez mais uma consciência de como esta comunidade deve intervir para participar no processo global de desenvolvimento de Cabo Verde em patamares cada vez mais elevados”, disse o chefe de Estado.
“Há aqui um bom ambiente e temos possibilidades de reforçar a participação da diáspora nos Estados Unidos no processo de desenvolvimento de Cabo Verde. (…) Estive ainda com ‘mayors’, governadores e com senadores estaduais e federais, e aqui há uma enorme vontade de ver reforçadas as relações entre Cabo Verde e os Estados Unidos”, frisou.
Tendo em conta essa “enorme vontade” que disse ter encontrado junto às autoridades, José Maria Neves aproveitou para lançar dois reptos: “o primeiro é que devemos fazer um esforço para, em 2025, no quadro dos 50 anos da nossa independência, realizarmos uma convenção dos cabo-verdianos nos Estados Unidos, sobretudo, para perspetivarmos os próximos 50 anos e formas de trabalharmos juntos para um país muito mais moderno, próspero, justo e com mais oportunidades para todos”, disse.
O segundo repto, também no âmbito dos 50 anos da independência, é levar a Cabo Verde uma forte delegação do estado norte-americano de Massachusetts, conduzida pela governadora estadual, “para podermos estabelecer parcerias na área da educação, saúde e negócios, e darmos o salto no nosso relacionamento”, acrescentou.
Em entrevista à Lusa, o chefe de Estado disse também ter sentido uma “enorme disponibilidade” da diáspora cabo-verdiana em trabalhar para o desenvolvimento de Cabo Verde, avaliando que se sentem “orgulhosos” das suas origens e que “querem dar mais” ao país.
“Acho que agora fica a responsabilidade de construir pontes para poderem participar mais ativamente no processo de transformação de Cabo Verde e no aceleramento dos passos que são necessários para isso”, observou.
A população de Cabo Verde ronda os 500 mil habitantes, mas o Governo estimou recentemente que mais de um milhão e meio de cabo-verdianos vive na Europa e Estados Unidos, estando o sistema financeiro do arquipélago dependente das remessas desses emigrantes.
José Maria Neves estará nos Estados Unidos até quarta-feira, tendo ainda um programa com vários encontros e eventos em universidades para cumprir.
Na manhã de hoje, o Presidente estará no conceituado MIT – Massachusetts Institute of Technology, onde abordará questões de governação eletrónica.
Já na Universidade de Massachusetts (UMass-Boston), o chefe de Estado será o orador convidado nas cerimónias que marcam o XXV Aniversário do Programa académico de estudos, valorização e divulgação dos percursos e contributos de Martin Luther King e de Amílcar Cabral.
O último dia da viagem, na quarta-feira, será passado na Bridgewater State University, onde manterá um encontro com professores universitários, gestores e empreendedores do setor da educação de ascendência cabo-verdiana.
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