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Presidente de transição do Burkina Faso denuncia tentativa de golpe de Estado

O presidente da transição no Burkina Faso, capitão Ibrahim Traoré, líder do golpe de Estado de 30 de setembro, disse a elementos da sociedade civil que o país sofreu recentemente uma tentativa de golpe de Estado.
Supporters of Burkina Faso’s new junta hold Burkina Faso and Russian flags as they gather to protest against the arrival of ECOWAS (Economic Community of West African States) delegation in Ouagadougou, Burkina Faso October 4, 2022. REUTERS/Vincent Bado
2 Dezembro 2022, 10h58

Segundo a Radio Ómega, hoje citada pela Efe, Ibrahim Traoré confirmou, assim, que houve uma tentativa de “desestabilizar” o regime registada no passado fim de semana.

O líder militar fez esta revelação na quinta-feira, durante um encontro na capital do Burkina Faso, Ouagadougou, com organizações da sociedade civil e religiosos, que contou com a presença de mais de mil pessoas.

O capitão, segundo disseram alguns participantes à Rádio Omega, pediu o apoio da sociedade porque há “forças” que pretendem sabotar a transição política em curso neste país da África Ocidental.

O presidente da transição disse conhecer os autores da “manobra”, mas preferiu não os travar, porque quer promover o diálogo, garantindo que a situação está controlada. Mas alertou que há “dinheiro” que está sendo usado para apoiar a tentativa.

“Tem que pegar o dinheiro, comer, mas não cair na armadilha”, afirmou o capitão, segundo os participantes ouvidos pela estação de rádio, pedindo aos presentes que fiquem atentos porque o caminho de transição não será fácil.

No último fim de semana circularam rumores nas redes sociais sobre uma tentativa de desestabilização no país, mas o regime não se tinha pronunciado publicamente sobre o assunto.

Traoré, 34 anos, foi empossado em outubro passado como presidente de transição na sede do Conselho Constitucional em Ouagadougou, capital do Burkina Faso.

Aquele militar aceitou o cargo depois de ter sido nomeado presidente transitório, chefe de Estado e chefe supremo das Forças Armadas por uma conferência nacional.

O líder militar, o mais jovem chefe de Estado do mundo, foi nomeado presidente transição por cerca de 300 delegados (representantes políticos, militares, religiosos e da sociedade civil) das treze regiões do Burkina Faso, que se reuniram para acordar um roteiro que permita um regresso à ordem constitucional.

Assim, Ibrahim Traoré deverá liderar a transição política por 21 meses e cumprir a palavra, passando depois o poder para os civis.

O capitão reuniu-se em outubro em Ouagadougou com uma delegação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e garantiu que vai respeitar o calendário que aquela organização acordou com o seu antecessor, o tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba.

Esse calendário prevê o retorno da ordem constitucional a 1 de julho de 2024, o mais tardar.

O Burkina Faso teve um segundo golpe de Estado no espaço de um ano a 30 de setembro, após o que tinha sido liderado em 24 de janeiro por Damiba.

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