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Presidente do INIAV: “Desafios que temos pela frente são muito grandes mas também constituem grandes oportunidades”

“Portugal será dos países da União Europeia mais atingido pelas alterações climáticas. Vamos ter de produzir alimentos num contexto em que vamos ter fenómenos mais extremos e mais pragas e doenças nas plantas e animais. Isso torna o desafio maior”, apontou Nuno Canada.
24 Março 2021, 22h17

O presidente do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), Nuno Canada, aplaudiu as “visões diferentes dos vários ângulos que compõem a área da agricultura, alimentar e agroalimentar” apresentadas durante a conferência que decorreu esta quarta-feira, 24 de março, com o tema “Conhecimento e inovação na década da transição digital”, organizada pela Lusomorango e Universidade Católica Portuguesa, no qual o Jornal Económico é media partner.

Nuno Canada, na parte final da conferência, apontou os tempos de mudança que o sector agroalimentar está a viver, no qual a “incorporação, conhecimento, tecnologia, inovação e transição digital são fundamentais para a sobrevivência do sector, porque percebemos que os desafios que temos pela frente são muito grandes mas também constituem grandes oportunidades”.

“Em termos da componente agrícolas, mas ter de produzir mais alimentos em muito maior quantidade que estamos a produzir agora. Em simultâneo, vamos precisar de encontrar estratégias para valorizar o produto e acrescentar valor em toda a cadeia, mas não vamos poder continuar a produzir como estamos a fazer. Vamos ter de encontrar formas de ter uma produção mais sustentável, ou seja, no fim vamos produzir mais para criar mais e o produzir sustentavelmente é por si só um desafio de grande dimensão”, afirmou Nuno Canada.

O presidente da INIAV sustentou ainda que a realidade de produção se irá alterar nos próximos anos, tornando-se “gradualmente mais difícil”. “Portugal será dos países da União Europeia mais atingido pelas alterações climáticas. Vamos ter de produzir alimentos num contexto em que vamos ter fenómenos mais extremos e mais pragas e doenças nas plantas e animais. Isso torna o desafio maior”, apontou.

Ainda assim, e apesar de todas as problemáticas descritas durante a conferência, Nuno Canada realçou que “é preciso encontrar estratégias para ultrapassar as problemáticas”, às quais acrescentou a escassez de mão de obra nos pequenos frutos, alteração dos padrões dos consumidores, novos modelos de negócios e novos canais de abastecimento, e a necessidade de caminhar de uma economia linear para uma economia circular.

“Percebemos hoje que se trata de um desafio de enorme dimensão e historia ensinou-nos que desafios só se ultrapassam com mais conhecimento, ciência e inovação. A União Europeia está consciente deste desafio e todos os instrumentos desenhados no domínio da transição ecológica e da transição digital, têm instrumentos de financiamento da inovação e da transferência de conhecimento e tecnologia enormes”, destacou, acrescentando que o financiamento dos próximos anos será “sem precedentes” por a transição ter de ser “muito alavancada na inovação”.

Nuno Canada deixou ainda no ar se “conseguimos ter um sistema de inovação nacional capaz de responder a estes desafios e aproveitar as oportunidades que vamos ter agora nos próximos anos”. Ainda assim, o responsável da INIAV apontou que o ecossistema de inovação tem apresentado uma evolução “francamente positiva” e que “hoje estamos muito melhor preparados para enfrentar estes desafios e tirar partido destas oportunidades do que ao que estávamos há uns anos”, destacando a proximidade criada entre todos os agentes envolvidos no sistema.

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