Nuno Canada, presidente do conselho diretivo do INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, não tem dúvidas: “não é possível termos resultados sem investir”. Produção, indústria, distribuição, todo o sector agrícola vive uma mudança abismal e só tem a ganhar com a tecnologia e a robótica.
“As ferramentas de inteligência artificial (IA) vão permitir dar um passo muito grande em termos de eficiência”, afirmou Nuno Canadas, esta sexta-feira, 18 de julho, em São Teotónio, concelho de Odemira, no 7. º Colóquio Lusomorango Faceco 2025. Exemplos? detecção precoce de pragas e doenças, melhoramento genético, agricultura circular, numa lógica de cadeia de valor.
O presidente do conselho diretivo do INIAV considerou que “um dos maiores desafios que a Humanidade tem pela frente é produzir mais alimentos” e “evoluir para sistemas de produção mais sustentáveis”, num contexto de alterações climáticas em que “ainda não temos conhecimento no terreno para melhor abordar todos os desafios”.
O INIAV trabalha com cerca de 500 empresas em todo o país com as quais desenvolve “soluções à medida”. No sector existem 24 centros de competências e seis laboratórios colaborativos.
“A inovação vai ser o motor e o coração do crescimento económico do futuro tem que se aproximar do impacto de cada euro investido tanto nos Estados Unidos como na China”, adiantou, defendendo a proliferação de uma rede de estações experimentais que permitam experimentar o que é produzido no mundo e adaptar à nossa realidade. Transpô-lo depois para as empresas na forma de novas soluções.
Catarina Campos, Raspberry Product Leader DEMEA da Driscoll`s, abordou a questão da ligação entre investigação e produção. A empresa norte-americana Driscoll`s presente em Portugal há duas décadas, pioneira na introdução da framboesa, tem um departamento de investigação e desenvolvimento (I&D), mas não prescinde da cooperação e do trabalho colaborativo com instituições de I&D e inovação. Tem forte ligação ao INIAV.
A responsável da Driscoll`s explicou em São Teotónio que a empresa está muito atenta às exigências dos consumidores e sabe que “a forma de produzir tem de ser mais sustentável.
“É este o caminho: reduzir o impacto ambiental nas nossas operações e trazer valor para as comunidades onde estamos inseridos”, afirmou.
Sandra Primitivo, responsável pela área de avaliação de políticas públicas da EY-Parthenon, que minutos antes proferira uma intervenção de fundo subordinada ao tema: Investigação e inovação como resposta aos desafios alimentares, explicou que a consultora faz muitas assessorias, destacando a renovação de processos e a aplicação da IA quer no sistema público quer no privado.
A mesa redonda investigação e inovação foi moderada por Cátia Pinto, antiga diretora executiva da Smart Farm Colab, Laboratório Colaborativo para a Inovação Digital na Agricultura constituída por 15 associados, entre entidades públicas, empresas privadas e instituições de investigação e universidades.
O 7º Colóquio Hortofrutícola, dedicada ao tema “Nutrir o Futuro: Produção Agrícola, Segurança, Autonomia e Soberania” está inserido no programa “Visão Estratégica para o Agroalimentar – Conhecer para Decidir, Planear para Agir, que tem como objetivo refletir e produzir conhecimento para um sector agroalimentar mais sustentável, inovador e competitivo.
O fórum é promovida pela Lusomorango em parceria com a Universidade Católica Portuguesa, com o apoio da EY e tem o Jornal Económico como media partner.
O encontro junta especialistas da esfera política e autárquica, empresarial e académica. Paulo Portas, ex-vice-primeiro, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros e da Defesa Nacional, Álvaro Mendonça e Moura, presidente da CAP, Gonçalo Santos Andrade, presidente da Portugal Fresh, Roberto Grilo, vice-presidente da CCDR Alentejo, Susana Pombo, diretora Geral da DGAV, Eduardo Diniz, diretor Geral do GPP – Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral do Ministério da Agricultura e Mar, António Serrano, CEO da Jerónimo Martins Agroalimentar, antigo ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, Ondina Afonso, presidente do Clube de Produtores Continente, Rute Xavier, da Universidade Católica, estaõ esta sexta-feira em São Teotónio.
Na abertura do 7. º Colóquio Lusomorango Faceco 2025, Loic de Oliveira, presidente da Lusomorando, alertou para a necessidade de combater a burocracia, o presidente da CCRD defendeu que a Agricultura é política pública central e o presidente da Câmara de Odemira salientou o ativo que é ter paz social.
António Serrano, gestor da nova unidade de negócio da Jerónimo Martins, alertou para a burocracia e a falta de mão de obra no sector. Paulo Portas denunciou as tarifas de Trump à União Europeia e Susana Pombo apontou a necessidade de antecipar desafios.
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