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Presidente do Novo Banco diz que vendas de imóveis com crédito “é normal e legal”

António Ramalho defende que venda de imóveis com crédito ao comprador é uma prática de todos os bancos, numa referência à carteira Viriato com mais de cinco mil prédios que foram alienados com crédito a um fundo e com hipoteca dos bens até à amortização da dívida.
15 Setembro 2020, 17h52

O presidente do Novo Banco defende nesta terça-feira, 15 de setembro, no Parlamento que a venda de imóveis com crédito ao comprador é uma prática de todos os bancos, numa referência à carteira Viriato com mais de cinco mil prédios, sobre a qual a deputada do CDS-PP, Cecília Meireles, afirmou ver com “perplexidade” que o Novo Banco tenha vendido estes imóveis com crédito e ficar com a hipoteca desses mesmos ativos.

“A venda com crédito é normal, legal é uma prática internacional existente”, explicou António Ramalho no Parlamento, na Comissão de Orçamento e Finanças, onde está a ser ouvido sobre a auditoria externa da Deloitte que revelou perdas líquidas de quatro mil milhões de euros no seguimento de um conjunto de “insuficiências e deficiências graves” até 2014.

O presidente do Novo Banco respondeu assim à deputada do CDS-PP que momentos antes tinha afirmado que com este tipo de operação na realidade o banco apenas está a alienar a gestão dos imóveis. “Se estes imóveis forem vendidos por um preço inferior, o banco fica outra vez com os imóveis na mão e o risco de crédito”, defendeu a deputada centrista.

“O que percebemos é que o banco deixa de ser proprietário dos imóveis para ser credor em 68% do empréstimo – qualquer pessoa razoável olha para isto e vê o banco a ficar na mesma situação se tivesse registado a perda e tivesse entregado a gestão dos imóveis”, precisou Cecília Meireles.

Em resposta, António Ramalho garantiu que a venda de imóveis com crédito do próprio banco é feita por todos os bancos, criticando os presidentes de bancos que disserem que nunca venderam com crédito: “pensem duas vezes antes de terem ataques de amnésia”.

“Nós vendemos imóveis e recebemos 30% à cabeça. E quando são vendidos não podem ser por menos do que o valor total da absorção do prejuízo”, explicou António Ramalho que ao parecer independente: “Vou entregar na Assembleia da República, ainda que em resumo, o parecer nos vem dizer aquilo que já tinha sido dito pela Alantra, a dizer que as vendas foram feitas acima do preço do mercado, a dizer que foram vendas de grande qualidade”.

O presidente do Novo Banco acrescentou ainda que se acelerou na venda de ativos para aproveitar o bom momento do mercado imobiliário, caso contrário as perdas teriam sido maiores.

António Ramalho afirmou ainda que as vendas em pacote têm penalizações, sobretudo, ”quando não têm muita qualidade”. Reconhece também que houve avaliações sobreavaliadas, o que justifica as perdas em algumas vendas ao preço do mercado.

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