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Primeiro fundo de investimento na Europa dedicado à canábis está atento a Portugal

O fundo Medical Cannabis and Wellness ETF já está disponível e vai ser cotado na Alemanha, sendo válido para investidores do Reino Unido, Itália e Irlanda. Os canadianos explicam que as produtoras de canábis canadianas, localizadas em Portugal, não serão integradas no índice devido à produção para uso recreativo noutros países.
  • DR
14 Janeiro 2020, 07h30

A Purpose Investments, que gere 8 mil milhões de dólares em ativos no Canadá, vai colaborar com o HANetf para o lançamento do primeiro fundo de investimento europeu. Denominado de Medical Cannabis and Wellness ETF abriu portas, esta segunda-feira, para responder à elevada procura pela canábis medicinal nos grandes mercados e entre os investidores, numa altura em que este tipo de investimento tem crescido cada vez mais na Europa.

Ao Jornal Económico, a empresa canadiana explica que, apesar da volatilidade e a “recente queda no setor”, a procura pela canábis medicinal tem continuado a aumentar e que esta “estabelece um estado positivo para novos investidores e para aqueles que voltem a entrar no espaço”.

“Como a canábis ainda é uma indústria emergente e apenas 40 países em todo o mundo legalizaram a canábis medicinal, vemos oportunidades a surgirem em todo o lado”, contam. “À medida que mais investidores se acostumam a analisar empresas de canábis, há uma boa hipótese do espaço se tornar mais estável”.

O maior ETF do mundo de canábis, o ETFMG Alternative Harvest, listado nos Estados Unidos, acabou o ano de 2019 com 673 milhões de dólares em ativos, menos 28,5% face ao ano anterior, de acordo com os dados da ETFGI. O segundo maior, o Horizons Medical Marijuana Life Sciences, do Canadá, perdeu 33,8% dos ativos no ano passado para os 327 milhões de dólares.

“Tal como qualquer investimento, existem riscos inerentes e com a canábis não é diferente. Em relação aos índices de ETFs mais abrangentes, há um risco maior”, argumentam. “No entanto, acreditamos que esta indústria ainda está no seu estado inicial a nível global”.

O fundo vai cobrar 80 pontos-base por cada 100 euros investidos e investirá em empresas públicas com atividades legais no mercado de canábis medicinal, industrial e canabidiol, uma das substâncias químicas canabinoides encontradas na canábis sativa. O fundo vai estar cotado na Alemanha e disponibilizado para investidores no Reino Unido, Itália e Irlanda.

Questionados sobre se Portugal está na mira de expansão, os donos da Purpose Investments explicam que para já, ainda não. “Portugal é atualmente um país muito friendly em termos de canábis para uso medicinal na União Europeia”. Porém, devido à relação que os produtores licenciados canadianos (LPS, sigla em inglês), sediados em Portugal, têm com o fabrico para uso recreativo noutros países isso limita o acesso a este índice que é exclusivamente para uso medicinal.

“Estamos atentos às empresas privadas europeias com acesso às instalações de canábis em Portugal e ao momento em que elas fiquem cotadas”, concluíram na nota enviada ao Jornal Económico.

https://jornaleconomico.pt/noticias/empresas-investem-mais-de-160-milhoes-na-canabis-medicinal-437932

O Medical Cannabis and Wellness ETF ficará disponível também para empresas com operações em todo o mundo, incluindo o Canadá e os Estados Unidos. O mercado legal de canábis estava avaliado em cerca de 11 mil milhões de dólares em todo o mundo em 2018 e espera-se que atinja os 66,3 mil milhões de dólares (77,8 mil milhões de euros), segundo o Grand Search Review.

A legalização do uso de canábis para fins medicinais em Portugal foi aprovada em junho de 2018 e a regulamentação publicada em Diário da República a 15 de janeiro de 2019.

A regulamentação estabelece que o cultivo, fabrico e comércio da canábis para fins medicinais só pode ser feito depois de autorização do Infarmed, que deve ser atualizada todos os anos. Caso seja recusada, os produtores estão sujeitos ao pagamento de coimas que podem ir dos 1.500 aos 3.700 euros, no caso de pessoas singulares, e entre três mil e 45 mil euros no caso de pessoas coletivas.

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