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Primeiro-ministro de Itália demite-se

Giuseppe Conte arrasou o ‘seu’ ministro do Interior, Matteo Salvini, a quem acusou de ter um projeto pessoal que não passa necessariamente por aquilo que são as prioridades do país.
  • Giuseppe Conte
20 Agosto 2019, 15h04

O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, acaba de anunciar aos deputados que vai apresentar – como todos estavam à espera – a sua demissão ao presidente do país, Sérgio Matarella. Antes disso, Conte apresentou uma lista quase interminável: os temas que o governo italiano liderado por Giuseppe Conte tentou gerir e não lhe foi permitido são inúmeros e o culpado tem um nome: Matteo Salvini.

No discurso parlamentar que Conte produziu no início do debate sobre a moção de censura avançada pelo ‘seu’ ministro do Interior – sentado a não mais de dez centímetros à direita do primeiro-ministro – o líder da Liga, onde se concentra a direita mais extremista do país, foi acusado de ser o responsável pela crise e principalmente pela ‘ingeribilidade’ que atingiu o governo transalpino.

Salvini, que ia gesticulando para as bancadas e ‘saltitava’ entre os sorrisos e as crispações, foi acusado por Conte de ter uma agenda pessoal desde os primeiros momentos do governo – o que impediu desde a primeira hora que o país pudesse contar com uma série de reformas que nas suas palavras seriam cruciais para a modernização da economia – nomeadamente em termos fiscais – e para o entendimento social.

Contrariamente aos interesses gerais, disse Conte, o governo a que presidiu viu-se sempre envolvido numa série de incapacidades que ficaram a dever-se, percebeu mais tarde, ao facto de Salvini querer ultrapassar o mais rapidamente possível o momento de coligação com o Movimento 5 Estrelas. Em vista estava a realização de novas eleições para que Salvini possa aceder a um poder mais abrangente. Mas Conte deixou a ideia que talvez o acrescento de poder nas mãos do seu ministro do Interior não seja o melhor para o país.

As críticas foram de toda a ordem – o que parecia principalmente divertir o seu outro vice-presidente, Luígi di Maio, sentado à sua esquerda – com o primeiro-ministro a deixar no limbo uma eventual ligação entre Salvini e o presidente russo Vladimir Putin (que ontem esteve reunido com o seu homólogo francês) em questões de fundos aplicados ao crescimento da Liga em Itália.

Conte teve ainda oportunidade para ‘desfiar’ outra lista: apesar de tudo, o muito que fez o governo a que presidiu – nomeadamente no que tem a ver com o desbloquear dos diferendos com a União Europeia. Giuseppe Conte chamou a si o benefício de ter ultrapassado as reservas que a Comissão e a zona euro manifestaram em relação ao seu governo desde o primeiro momento.

Mas depois disso foi o caos: a questão da imigração e da entrada de refugiados no país acabou por absorver todos os restantes dossiês, todas a força anímica do executivo e mesmo toda a benevolência que a comunidade internacional acabou por reservar ao seu governo.

Tudo isto antes de dizer: “a ação do governo termina aqui”.

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