Quais são os planos das principais empresas do sector?
Na análise anual do impacto económico e de emprego das viagens e turismo a nível global, o World Travel & Tourism Council (WTTC) revela que o setor representou 10,4% do PIB mundial e 10% do emprego total em 2018, esperando-se forte crescimento destes indicadores até 2029. A despesa global está focada no mercado de lazer, que representou 78,5% do total, comparado com 21,5% do mercado de negócios.
É neste cenário de crescimento do setor a nível global, onde se inclui Portugal, que fazemos referência às principais tendências que vão marcar o comportamento das maiores empresas:
a) Num sector que permanece fragmentado, uma das tendências esperadas é a consolidação do mercado, motivado pela procura de benefícios de escala, novas ofertas e cobertura geográfica. As seis maiores cadeias de hotéis a nível mundial representam apenas um terço do total de quartos pertencentes a uma marca, traduzindo uma oportunidade para o movimento de consolidação.
b) Continuaremos a assistir ao crescimento do negócio de franchise e gestão de hotéis por parte dos grandes grupos, em detrimento de um modelo baseado na posse dos ativos, de modo a diminuir os requisitos de capital, o risco operacional e possibilitando o acesso a novos mercados sem necessidade de elevada alavancagem financeira.
c) O investimento externo da China está a abrandar após o recorde registado em 2016. As restrições governamentais com vista ao fortalecimento da moeda, aumento das reservas monetárias e estabilização dos níveis de endividamento levam a este abrandamento, mudando o foco de investimento deste gigante mundial para o mercado interno.
d) A despesa agregada dos turistas em passeios, atividades, atrações e eventos tem elevada perspetiva de crescimento, na medida em que a tendência é as pessoas quererem ter experiências memoráveis nos destinos, não somente visitá-los, esperando-se, por isso, forte investimento em novas plataformas de experiências.
e) A maioria das empresas está a implementar tecnologia digital nas suas operações diárias, incluindo a recolha e análise de informação (data collection & data analysis), para melhorar a experiência dos clientes e potenciar eficiências operacionais. Um exemplo, entre muitos, inclui o grupo Hilton, que lançou um robot para concierge chamado Connie, que usa reconhecimento de voz e inteligência artificial para responder a pedidos de clientes e aprender de forma inteligente a partir de interações anteriores.
f) Estima-se que o mercado global dos hotéis-cápsula continue a crescer, estando o conceito de negócio a ganhar força em países asiáticos fora do Japão (onde o conceito foi pioneiro), acomodando uma mistura de turistas de low spend, bem como viajantes de negócios. Ter taxas mais baratas em comparação com hotéis tradicionais e ser mais luxuoso do que hostels é a fórmula de sucesso deste conceito.
O sector continua em grande transformação e continua a surpreender com novos conceitos, por exemplo, quartos de hotel sobre rodas – quartos de hotel autónomos, chamados de Autonomous Travel Suite (ATS) da Aprilli design studio (www.aprilli.com), que serão controlados por meio de um aplicativo que calcula a melhor rota até o destino.