Em março de 2014, a Rússia anexou a Crimeia, devido a um acordo histórico político e comercial desse País com a União Europeia, com o pretexto de estar a defender os seus interesses e os dos cidadãos russos, seguido de um referendo, considerado ilegítimo pela Ucrânia e pela esmagadora maioria dos Estados.

O conflito volta agora a recrudescer com o estreitamento de laços entre Kiev e a NATO em termos, nomeadamente, de armamento, treino e pessoal, que Moscovo vê como ameaça à sua segurança.

França e Estados Unidos enviaram já mensagens firmes à Rússia sobre as consequências estratégicas de um novo ataque à integridade territorial da Ucrânia.

Porém, isto são as ameaças, quiçá as guerras clássicas.

Ora, quando pensávamos que já conhecíamos todos os tipos de guerras, como nucleares, biológicas, químicas, santas, de guerrilha, civis ou frias, eis que surge um novo tipo que é a guerra de migrantes usados como arma contra a União Europeia.

Alexander Lukashenko, no poder há 26 anos, uma vez mais forjou, nas últimas presidenciais de 9 de agosto na Bielorrússia, a sua própria vitória com 80% dos votos contra 10% da sua principal rival, Svetlana Tikhanovskaya, o que tem vindo a ser contestado pela oposição com múltiplas manifestações nas ruas, apesar da repressão das autoridades. A liberdade de expressão é vigiada, a situação económica é caótica pontuada pela inflação, desemprego e desvalorização da moeda, mas que conta, igualmente, com o incondicional apoio de Vladimir Putin, mas também com as sanções económicas da União Europeia.

O objetivo destas sanções é, para já, bastante pueril, porque visa pressionar os dirigentes políticos bielorrussos a iniciarem uma transição democrática pacífica, com a promessa de um plano global de apoio económico.

Estas sanções só atiçaram a Bielorrússia a retaliar, apoiadas veladamente por Moscovo, com o objetivo de desestabilizar a UE, com um esquema inteligentemente maquiavélico, que foi o de trazer milhares de migrantes em situação de fragilidade, vindos sobretudo do Médio Oriente, como Iraque, Síria e Afeganistão, com o objetivo de os encorajar a entrar em território europeu.

Porém Lukashenko não se ficou por aqui e tenta outra guerra, a energética, ao ameaçar interromper a passagem do gás natural para a Europa, com o corte de abastecimento através do gasoduto de Yamal, que transporta o gás vindo da Rússia, passando pela Bielorrússia antes de chegar à Polónia e à Alemanha.

Para se entender a dimensão da ameaça, basta dizer que um terço do gás natural que bloco comunitário consome é proveniente da Rússia.

Em suma, a Rússia de Putin, de novo a intervir nos seus países satélites, que não quer deixar à solta, para não perder a sua influência na Europa e o seu grande sonho de reconstruir a grande Mãe Pátria russa.

Daí que o nome Vladimir lhe caia magnificamente, porque provém das raízes eslavas “vladi” que significa líder e “mer” de grande e maior!