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Private Equity com sinais de recuperação e investimento a aumentar 37% em 2024 para 602 mil milhões

À medida que os bancos centrais reduziram as taxas de juro, houve um aumento de 37% no valor dos investimentos de aquisição, para 602 mil milhões de dólares em 2024 (excluindo negócios adicionais), revela a Bain & Company.
3 Março 2025, 16h23

A recuperação da atividade de private equity está a ganhar forma, com o crescente retomar das transações empresariais. No entanto, os sinais adversos persistentes face à incerteza económica e uma angariação de fundos lenta, ainda condicionam as perspectivas de uma recuperação completa dessa atividade, de acordo com o 16.º Relatório Global de private equity da Bain & Company.

À medida que os bancos centrais reduziram as taxas de juro, houve um aumento de 37% no valor dos investimentos de aquisição, para 602 mil milhões de dólares em 2024 (excluindo negócios adicionais), revela a Bain & Company.

O número de negócios subiu 10% face ao ano anterior, sendo o valor médio dos negócios 849 milhões de dólares, o segundo maior valor historicamente. Negócios no valor de mil milhões de dólares ou mais representaram 77% do total.

As saídas também recuperaram no ano passado com o valor global a aumentar 34% em relação ao ano anterior, para 468 mil milhões de dólares, enquanto o número de saídas subiu 22%, para 1.470, acrescenta o estudo.

Os investimentos em aquisições e saídas recuperam fortemente em 2024, mas a angariação de fundos lenta é um reflexo dos sinais contrários persistentes devido às mudanças na perspetiva macroeconómica e às perturbações geopolíticas.

Os investimentos em private equity, assim como as operações de saída, recuperaram em 2024, mostrando claros sinais de um novo vigor, revertendo as fortes quedas dos dois anos anteriores, que marcaram um dos períodos mais desafiantes da indústria desde a crise financeira global, segundo relata a Bain.

Europa lidera crescimento do private equity

O crescimento sólido no valor dos negócios em todas as regiões foi liderado pela Europa, com um aumento de 54% em valor e um aumento de 9% no número de negócios, enquanto na América do Norte o valor dos negócios cresceu 34% e o número de negócios subiu 9%. O valor dos negócios na Ásia-Pacífico cresceu 11% com um ligeiro decréscimo no número de negócios.

A China representou metade do valor dos negócios da Ásia-Pacífico em 2020, mas o peso caiu para pouco mais de 25% no ano passado.

Por outro lado, os negócios de privatizações aumentaram para 250 mil milhões de dólares globalmente no ano passado e representaram quase metade dos negócios acima de cinco mil milhões de dólares na América do Norte.

Álvaro Pires, sócio da Bain & Company, destaca ainda que “o setor de tecnologia permaneceu como o setor principal de aquisições de private equity, representando 33% dos negócios em valor e 26% em volume, com uma atividade também forte na interseção de tecnologia e saúde. O valor dos negócios de serviços financeiros também aumentou 92% em termos anuais, enquanto os negócios na indústria cresceram 81%”.

Perspetivas para este ano

Apesar de um ressurgimento nos investimentos e saídas que sinalizam uma mudança positiva nas negociações, a análise da Bain destaca que o impulso contínuo do private equity em 2025 dependerá da capacidade de navegação num cenário macroeconómico dinâmico. Embora desafios como as tendências de inflação, taxas de juro, política comercial e fatores geopolíticos permaneçam, a indústria demonstrou resiliência e adaptabilidade e está bem posicionada para acelerar o crescimento à medida que as condições evoluem.

Hugh MacArthur, presidente da prática global de private equity da Bain & Company, refere na nota que “podemos considerar 2024 como um ano de retoma parcial do fôlego. Mas a consolidação do ímpeto de 2024 dependerá dos desenvolvimentos da política”.

“Antecipamos que os ventos contrários que têm travado a atividade desde meados de 2022 devem continuar a dissipar-se. A indústria está ansiosa para fazer negócios, as empresas procuram maneiras criativas de aumentar a liquidez, mais dinheiro deve fluir dos fundos soberanos e da riqueza privada, e os retornos continuam fortes. Mas o apetite por negócios ainda é moderado face às incertezas que mantêm os mercados em alerta. Os investidores procuram clareza quanto às políticas sobre a economia, comércio, regulação e geopolítica”, afirmou.

O relatório da Bain também destaca que um ressurgimento completo do private equity a nível global deverá ser muito diferente das recuperações passadas, visto que a indústria lida com disrupções estruturais que colocam grandes questões estratégicas. Essas mudanças abrangentes alterarão significativamente a base da concorrência por oportunidades de investimento e novo capital nos próximos anos.

Rebecca Burack, líder da prática global de private equity da Bain & Company, defende que “uma recuperação emergente apresentará inevitavelmente importantes oportunidades para os investidores. Mas os vencedores serão os fundos que demonstrarem um modelo consistente e diferenciado para a criação de valor – e estratégias claras para manter o crescimento e o desempenho a longo-prazo”.

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