Anunciam-se os voos da retoma. Durante a pandemia, a procura de programas de MBA, o mítico Master Business Administration, criado há mais de um século em Harvard, teve altos e baixos. Foi assim em diferentes regiões do mundo, dos Estados Unidos à Europa, e nas escolas de negócios portuguesas, em geral.
“Com o regresso à normalidade, e com os novos desafios que enfrentamos ao nível do mercado de trabalho e as novas incertezas decorrentes da guerra na Ucrânia, muitos dos profissionais encontraram o momento certo para investir no seu desenvolvimento profissional e pessoal através de um programa de MBA. E, esta tendência generalizada tem-se refletido também no contexto da Porto Business School”, explica Patrícia Teixeira Lopes, associate dean da escola de negócios da Universidade do Porto, ao Jornal Económico.
Em março de 2023, três anos depois do início da crise provocada pela Covid-19, que suspendeu temporariamente a atividade presencial em vários sectores da sociedade, Paulo Soeiro de Carvalho, diretor executivo do ISEG MBA, confirma a chegada de uma nova e auspiciosa fase:“A retoma da procura internacional é o principal fator de destaque”.
O decano dos MBA em Portugal e único programa da Universidade de Lisboa, a maior do país, tem um perfil de participantes muito diverso, que vem desde a engenharia até áreas mais criativas, e que, segundo o responsável, “enriquecem muito a experiência e apoiam na transformação do próprio mindset dos participantes”.
A dimensão internacional é igualmente muito importante nesta diversidade, acrescenta, “pelo perfil distinto de experiências que aportam às discussões e muitos trabalhos que desenvolvem durante esta jornada”.
De retoma também fala Pedro Torres, coordenador do MBA para Executivos da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra: “Na última edição, pós-pandemia, registou-se um aumento muito significativo da procura face aos anos anteriores”. O responsável assinala uma diminuição do número de candidatos brasileiros, o que, poderá ser justificado pela guerra na Ucrânia e pela conjuntura económica do Brasil. Menos brasileiros não significa menos estrangeiros. “Tivemos maior diversidade de candidaturas internacionais”, adianta.
Maria José Amich, diretora-executiva do The Lisbon MBA Católica|Nova, traça um retrato não só de crescimento, mas também de expansão no mapa-mundo. “Temos testemunhado uma procura crescente de ano para ano, acentuada significativamente em 2023, com um forte crescimento de alunos internacionais”.
Os programas International (full-time) MBA e Executive (part-time) MBA do consórcio entre a Católica-Lisbon e a Nova SBE, têm uma representação de 60% e de 20% de alunos internacionais no total das turmas, abrangendo 16 nacionalidades. A procura é contínua por parte de alunos dos cinco continentes, que veem no programa “uma grande oportunidade de progressão profissional”. A par do trampolim na carreira, Maria José Amich destaca o aumento salarial, mas também a possibilidade de mudança de sector ou de função e as oportunidades de fazer carreira internacional. Segundo o ranking 2023 do Financial Times, o índice de empregabilidade é de 91%, três meses após a conclusão, com um salário médio bruto na casa dos 103 mil euros. O The Lisbon MBA tem uma colaboração de longa data com a conceituada escola de negócios americana MIT Sloan.
A diretora-executiva destaca ainda a “crescente participação” de mulheres no The Lisbon International MBA, atingindo atualmente 40% dos alunos, a grande “diversidade na formação académica”, desde engenheiros, médicos, advogados, farmacêuticos, gestores, economistas, e a “experiência profissional que detêm em sectores e indústrias diferenciadas”.
O campus e o networking
Se é certo, como refere Patrícia Teixeira Lopes, da Porto Business School, que os programas de MBA “procuram responder às necessidades do mercado e às expectativas dos profissionais, adaptando-se, assim, às diferentes circunstâncias que o nosso mundo atravessa”, não é menos certo que uma das razões que leva um indivíduo a fazer um investimento tão avultado é o networking. E este foi praticamente sonegado pela pandemia nos moldes mais vantajosos.
“Na Católica Porto Business School, testemunhamos uma forte vontade de regressar às salas em modo de presença física nos alunos que procuram o nosso MBA Executivo”, afirma Luís Marques, diretor do programa. “Sem prejuízo da flexibilidade e eficiência que o modo virtual possibilita, na realização de trabalhos de grupo e no acompanhamento das aulas quando existe impedimento à presença física, verificamos que os alunos voltam a preferir a convivência no campus “.
Um outro comportamento identificado é a procura do MBA por quem ambiciona desenvolver novas atividades. “A inovação e o empreendedorismo sempre tiveram uma forte presença no nosso MBA Executivo, mas registamos uma maior intensificação no pós-pandemia”, justifica Luís Marques.
Novidades nos programas
MBA em Gestão Sustentável é o primeiro programa do país especificamente nesta área. Tem arranque programado para setembro próximo no Iscte Executive Education, escola de formação de executivos do Iscte-IUL. “É o sinal da liderança para a mudança que queremos fazer acontecer”, disse José Crespo de Carvalho, presidente do Iscte Executive Education, ao JE na apresentação do programa.
Como novo surge agora o MBA Executivo da Católica Porto Business School. Luís Marques, diretor do programa, revela um reforço da componente de desenvolvimento humano, um aumento do número de docentes estrangeiros e o crescimento da presença das empresas na apresentação e análise de casos.
Já o decano ISEG MBA teve este ano a sua coroa de glória com o reconhecimento internacional doprestigiado ranking do Financial Times. Paulo Soeiro de Carvalho refere, entre muitos outros aspetos dignos de registo, as áreas de Foresight, Empreendedorismo & Inovação, Disrupção Digital, Design & Agility e Sustentabilidade & Governance, apoiadas pelo World Economic Forum e o Técnico – “dotam os participantes de ferramentas e skills fundamentais para desempenharem papéis de liderança com confiança em contextos muito voláteis e de rápida transformação”.
Os novos desafios societais justificam os ajustamentos feitos na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. “O plano de estudos do MBA para Executivos foi alterado na última edição, incorporando de forma transversal dois tópicos: a transformação digital e a sustentabilidade”, revela Pedro Torres. Foram introduzidas novas unidades curriculares, caso da Geoestratégia e Segurança Internacional e aumentado o peso das unidades curriculares integradoras. Foram também dinamizadas novas parcerias, por exemplo, com a Deloitte e o Biocant.
As parcerias são muito relevantes na ação do The Lisbon MBA Católica|Nova. “Na edição deste ano, reforçámos a nossa rede de parcerias que tem vindo, cada vez mais, a acompanhar as tendências de mercado”, salienta Maria José Amich. À vasta lista adicionam-se agora, entre outros, o protocolo com o MBA da Scheller College of Business da Georgia Tech University que abre portas aos alunos para um projeto de consultadoria internacional em parceria, e o reforço da colaboração com a empresa de executive search Amrop.
Por seu turno, Patrícia Teixeira Lopes diz que os programa da Porto Business School “acompanham não só a diversidade de realidades, a incerteza e a necessidade de adaptação a estas mesmas realidades, mas também as principais tendências procuradas no mercado”.
O MBA promete continuar a ser a chave mestra que abre portas para o mundo da gestão.
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