[weglot_switcher]

Procura mundial de gás subiu 2,8% em 2024 e continuará a crescer em 2025

O encerramento, no início de janeiro, do gasoduto que passava pela Ucrânia e abastecia a Europa com gás russo representará uma perda de cerca de 15 mil milhões de metros cúbicos em 2025.
21 Janeiro 2025, 07h48

A procura mundial de gás registou uma subida de 2,8% em 2024, crescimento que se manterá este ano, embora a um ritmo mais lento, de 1,9%, disse hoje a Agência Internacional de Energia (AIE).

De acordo com o relatório trimestral da organização sobre o gás natural, a situação no mercado continuará a ser tensa, embora não aos níveis da crise de 2022-2023, porque a procura continua a aumentar, sobretudo devido ao apetite da Ásia.

O encerramento, no início de janeiro, do gasoduto que passava pela Ucrânia e abastecia a Europa com gás russo representará uma perda de cerca de 15 mil milhões de metros cúbicos em 2025.

Por outro lado, também as reservas europeias estavam este mês mais baixas do que em janeiro de 2024, igualmente, na ordem dos 15 mil milhões de metros cúbicos.

As duas circunstâncias permitem prever um aumento significativo das necessidades de importação de gás pelo continente europeu no próximo verão.

Por outras palavras, será necessário trazer mais gás natural liquefeito (GNL) para a Europa por via marítima, o que pesará no mercado mundial, e poderá pressionar em alta os preços, que caíram no ano passado, mas continuam a ser mais elevados do que eram até à crise de 2022.

O fim do fornecimento de gás russo através da Ucrânia “não representa um risco iminente para a segurança do abastecimento da União Europeia”, mas pode afetar a carteira da UE, afirmam os autores do relatório, citado pela agência de notícias EFE.

A situação é muito mais delicada para a Moldova, que estava muito dependente do gasoduto, e por isso o relatório considera que é necessária uma maior coordenação entre a Moldova e os seus parceiros internacionais para garantir que o abastecimento ao país se mantém durante o inverno.

O aumento global de 2,8% do consumo em 2024, acima da média registada entre 2010 e 2020, correspondente a cerca de 115 mil milhões de metros cúbicos, explica-se principalmente pelo facto de o gás representar cerca de 40% do aumento da procura de energia.

Uma tendência particularmente importante para países como Moçambique, ou mesmo Angola, cujas perspetivas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) assentam neste tipo de desempenho desta energia.

Quase 45% do aumento da procura de gás provém da região Ásia-Pacífico, a região mais dinâmica do mundo, para as necessidades da indústria e do setor da energia.

O gás está a substituir o petróleo e os seus derivados em muitas utilizações, não só para a produção de eletricidade, mas também como combustível para navios e, em especial na China, também para camiões. A AIE considera que esta é uma tendência que deverá manter-se a médio prazo.

Para além do impulso da Ásia-Pacífico, a expansão da procura foi também significativa nos mercados da Eurásia e do Médio Oriente, com um aumento estimado de 3%. Nas Américas, o aumento foi um pouco mais limitado, de 1,7%, enquanto na Europa o aumento foi marginal.

A AIE, que reúne os principais países consumidores de energia do mundo desenvolvido, salienta que a oferta de GNL em 2024 cresceu apenas 2,5%, um ritmo muito inferior à média anual de 8% que registou entre 2016 e 2020.

A razão para isso é que vários projetos de exploração foram atrasados, como em Angola, Moçambique, Egito ou Trinidad e Tobago.

A situação deverá ser corrigida em 2025, quando se espera que o aumento acelere para 5%, mais 25 mil milhões de barris por dia, graças à entrada em funcionamento de novos projetos, especialmente na América do Norte, África e Ásia.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.