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Produtividade agrícola em Portugal é 40% da média da União Europeia

Não é assim em todos os setores. Há ganhadores como o tomate, kiwi, beringela, pequenos frutos e outros como a batata em perda nítida. Sandra Primitivo, responsável pela área de avaliação de políticas públicas da EY-Parthenon, traçou, no Colóquio da Lusomorango, o retrato do sector agrícola e da sua evolução. E deixou pistas de como a investigação e a inovação podem ajudar a responder aos desafios agrícolas.
24 Julho 2025, 13h02

A superfície regada e a produtividade do sector agrícola em Portugal aumentaram em Portugal, sustentadamente, desde 2009, mas a um ritmo menor do que a média da União Europeia, salientou Sandra Primitivo, responsável pela área de avaliação de políticas públicas da EY-Parthenon, no  7.º Colóquio hortofrutícola, promovido pela Lusomorango, com o apoio do Jornal Económico.

“A produtividade agrícola em Portugal é cerca de 40% da média da União Europeia”, adiantou.

Não é assim em todos os setores, tranquilizou. As culturas horto frutícolas, por exemplo, estão claramente em expansão. “O aumento da superfície cultivada é inferior ao aumento da produção e o saldo é normalmente positivo”, adiantou, apontando como exemplos o tomate e o kiwi. Fora os horto frutícolas, estão nesta situação a amêndoa e a azeitona. 

Em Portugal também há novas culturas, i. e., produtos que não se produziam há um quarto de século e onde se incluem os pequenos frutos e o abacate. 

Também há culturas que se caracterizam pela estabilidade, referiu Sandra Primitivo, destacando os citrinos, onde se verifica “um aumento da produção de 40% e uma redução da superfície cultivada”. 

Ao invés, há culturas em perda, em que quer a superfície quer a produção  têm vindo a diminuir. A batata é o caso mais evidente. Como se resolve? “Introduzindo sistemas de irrigação, recurso à agricultura de precisão, investimentos na captação e aproveitamento dos recursos hídricos”, sugere a EY-Parthenon

Sandra Primitivo chamou a atenção para um produto que se destaca pela sua evolução: a beringela. “Passámos de uma situação em que a produção era inferior à média da UA para o dobro da média, em 2023”. O morango, o pequeno fruto que chegou primeiro, teve uma evolução semelhante. “Neste momento já não é o nosso principal produto de exportação, mas continua a ser um produto em que se aposta muito e onde há, de facto, uma evolução claríssima que levou este produto de valores muito abaixo da União Europeia para muito acima”, explica. A framboesa é outro caso de sucesso: “atualmente é 3,5 o valor médio da UE( …) a média da UE cresceu um pouco mais do que nós, mas estamos muito acima”. 

O arroz assim era, assim ficou.  Continua acoplado à média da UE.

Em São Teotónio, concelho de Odemira, Sandra Primitivo elencou uma meia dúzia de desafios que urge enfrentar para melhorar a produtividade como um todo. Eficiência é o primeiro e na sua perspetiva o mais importante. “Uma vez que a procura está a aumentar não se coloca o caso de produzir o mesmo com menos recursos, é preciso produzir mais com menor  proporção de recursos, pois isso é que aumenta o valor e a atratividade do sector para quem nele quer trabalhar”.

Acrescentar valor, aumentar a qualidade passa pela inserção em cadeias de valor com maior valor acrescentado, muito associados à internacionalização, referiu.  

É preciso também adaptar as culturas às alterações climáticas e garantir a transição para modelos de produção mais sustentáveis. “Temos que reagir às condicionantes e ao mesmo tempo acompanhar a proteção de recursos e dos nossos solos”, salientou a responsável pela área de avaliação de políticas públicas da EY-Parthenon.

Sandra Primitivo considerou ainda que dentro de cada empresa, é necessário alterar o modelo de negócio e “sobretudo tentar ter um maior controlo sobre a cadeia de distribuição”. Neste campo, afirmou: “as organizações de produtores são fundamentais quando temos explorações muito pequenas”.

A conciliação entre a produção em escala e a produção de nicho foi outro dos desafios apontados pela responsável da EY-Parthenonor: “tem que existir um equilíbrio. Há lugar para todos”.

Por fim, considerou fundamental aumentar a atratividade do sector e qualificar a mão de obra. “Se os jovens tendem a ir para outras áreas há que tentar fazer um esforço”. Adianta que as políticas públicas são relevantes e que é necessário intervenção junto das escolas… “Se o sector for atrativo e tiver um bom nível de remuneração, (…) aos poucos iremos lá chegar. Temos é que começar já”, remata.

No Colóquio da Lusomorango, António Serrano, gestor da nova unidade de negócio da Jerónimo Martins, alertou para a burocracia e a falta de mão de obra no setor. Paulo Portas denunciou as tarifas de Trump à União Europeia e Susana Pombo apontou a necessidade de antecipar desafios. Loic de Oliveira, presidente da Lusomorango, alertou para a necessidade de combater a burocracia, o presidente da CCRD defendeu que a Agricultura é política pública central e o presidente da Câmara de Odemira salientou o ativo que é ter paz social.

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