Investigação recente, realizada na Universidade de Harvard, mostrou a existência de uma relação entre a complexidade económica de um país e as suas perspetivas de crescimento.
Definindo a complexidade económica de um país como o conjunto de capacidades, ou seja, saber fazer, que aí reside, observa-se que as economias mais complexas têm melhores perspetivas de crescimento económico do que as menos complexas. Isto porque ter mais conhecimento facilita o desenvolvimento de novos produtos ou serviços, particularmente aqueles que são mais exigentes no que respeita às capacidades que requerem, ou seja, os produtos mais complexos.
Não sendo as capacidades fáceis de medir, dada a sua natureza tácita, é, contudo, possível observar os produtos que cada país exporta. Assumindo como razoável que um país apenas pode fabricar os produtos para os quais dispõe de todo o conhecimento necessário, partindo da análise dos produtos que um país fabrica, obtemos informação sobre as capacidades existentes no país.
Portugal apresenta uma estrutura produtiva razoavelmente diversificada, ocupando, em 2017, a 34ª posição no ranking de complexidade, calculado para 133 países pela equipa que elabora o Atlas da Complexidade Económica.
Para além disso, Portugal ocupa uma posição interessante no espaço de produtos, uma rede que relaciona os produtos com base na proporção de capacidades necessárias ao seu fabrico que são partilhadas entre cada par. Tendo vantagem comparativa em vários produtos complexos, como por exemplo diversas máquinas e equipamentos, que partilham capacidades com muitos outros produtos de complexidade elevada, Portugal pode beneficiar do conhecimento existente no país para ampliar a complexidade da sua estrutura produtiva.
Contudo, na última década, Portugal apenas subiu uma posição no ranking de complexidade. Nos últimos anos, os produtos que mais têm contribuído para o crescimento das exportações nacionais apresentam uma complexidade moderada e, sinal mais preocupante, contribuem de forma pouco expressiva para o total das exportações nacionais. Parece existir uma dificuldade em concretizar o potencial de diversificação produtiva do país, não criando as condições para um crescimento económico mais expressivo.
Identificar as barreiras que têm vindo a bloquear a concretização de oportunidades de diversificação que correspondem a produtos complexos é essencial para ultrapassar este impasse. Sendo exigentes em capacidades, o desenvolvimento destes produtos coloca múltiplos desafios às empresas. Entre estes, destacam-se a necessidade de pessoas (incluindo técnicos e gestores) melhor qualificadas e a habilidade de cooperar efetivamente com as empresas e as organizações do sistema de investigação e de inovação que detêm saberes complementares.
O cluster dos moldes de injeção de plástico, na Marinha Grande, constitui um caso das melhores práticas de cooperação alargada entre empresas e entre estas e outras organizações. O X Congresso da Indústria de Moldes, nos dias 22 e 23 de novembro de 2019, enquadrado na celebração do 50º Aniversário da CEFAMOL, é apenas a mais recente iniciativa das muitas de um cluster que reúne frequentemente para discutir os problemas comuns, desenhando estratégias de investimento conjunto em I&D e inovação.
Esta capacidade de atuar de forma concertada tem permitido às empresas sustentar vantagem competitiva num produto de elevada complexidade, que contribui para o crescimento da economia portuguesa.