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Profissões tecnológicas dão cartas na oferta e nos salários

As empresas mais digitais são as que melhor pagam em Portugal, de acordo com o relatório Estado da Nação 2023 da Fundação José Neves.
8 Julho 2023, 13h00

As empresas mais digitais são as que melhor pagam em Portugal, de acordo com o relatório Estado da Nação 2023 da Fundação José Neves. O salário, os benefícios extrassalariais e a possibilidade de home office funcionam como fatores de atratividade num mercado sedento deste tipo de qualificações.

“A duração média do processo de procura pelo candidato certo pode variar, dependendo do nível de especialização necessário para a função e das condições do mercado de trabalho”, explica Rute Belo, National Senior Manager na empresa de recursos humanos Multipessoal, ao Jornal Económico. No geral, adianta, “para funções altamente especializadas, pode-se demorar entre algumas semanas e alguns meses até se encontrar o perfil ideal”.

No grupo das funções e linguagens de programação mais populares, Rute Belo aponta: programadores (Java, Python, JavaScript, C++ e C#), engenheiros de dados (SQL, Python e Scala), data scientists, especialistas em cibersegurança, mobile developers, e DevOps.

Não por acaso, as empresas da especialidade começam cedo a piscar os olhos aos jovens que sendo agora candidatos ao ensino superior, daqui por três anos estarão e entrar no mercado de trabalho. OJE foi conhecer algumas dessas empresas e os trunfos que usam para captar o talento especializado.

“Numa empresa que possui áreas de consultoria e áreas de produto, as opções são variadas sendo que as pessoas têm também a oportunidade de experimentar novas funções fazendo uma koala mission no contexto de uma outra equipa ou cliente para avaliar o interesse e adequação de uma forma ágil e estruturada”, explica Nuno Guerra, CEO da Create IT, ao JE.

Esta empresa portuguesa focada no desenvolvimento de sistemas multiplataforma críticos ao negócio, tem 73 colaboradores e a expectativa é que continue a contratar no sentido de suportar o crescimento. A Create IT recruta “perfis técnicos e não técnicos”. Nuno Guerra explica que “a progressão salarial é em função do valor efetivo criado pelas pessoas e não apenas em função dos anos de experiência profissional, anos ‘de casa’ ou ‘função desempenhada’”.

Fundada em 2018, a Powerdot soma 1.200 pontos de carregamento para veículos elétricos instalados nos últimos dois anos. João Pinho, o CFO, salienta ao JEo ritmo bastante acelerado das contratações e a existência de várias posições em aberto. A equipa é composta, em grande parte, por colaboradores jovens e recém-contratados.

Aumentos em ano de forte inflação? Naturalmente. João Pinho, revela que, “devido à estratégia agressiva de meritocracia, muitos colaboradores foram beneficiados com aumentos salariais significativos, superiores a 10%.” Destaca:“Reconhecemos o desempenho excepcional e valorizamos o talento dentro da organização, por isso, optamos por recompensar aqueles que demonstraram uma performance destacada”.

Outros exemplos
A também portuguesa Magic Beans opera no aconselhamento em tecnologia cloud. Em janeiro contava com 70 funcionários e anunciou o objetivo de fechar o ano nos 120. Vítor Rodrigues, o CEO, diz ao JEque os ciclos de contratação estão alinhados com os períodos de formação das universidades, de três meses entre um primeiro contacto e a contração de cada pessoa.

“Tipicamente – revela – contratamos jovens engenheiros, que entram nas nossas academias de formação de Cloud Engineers. Os perfis que procuramos são diversos e não temos sentido dificuldade”.

Na Magic Beans, os salários estão “alinhados com as médias de mercado, complementados com um plano de benefícios sociais que permite serem competitivos até ao momento”. Vítor Rodrigues refere ainda que nas tecnologias, “a realidade da inflação, é apenas mais uma variável, porque o sector tem vivido nos últimos anos um cenário “inflacionista” permanente.

Criada durante a pandemia por entusiastas da inovação, a InnoTech, definiu a estratégia e o modo de operar no mercado tendo em conta as mais recentes práticas. José Padre Eterno, CEO, elenca:“Flexibilização horária e geográfica, pacotes de pagamento flexíveis e adaptados a cada realidade, benefícios para o colaborador, além salário, e um escritório onde tanto se desenvolve a atividade laboral, como reúne-se e convive-se com os colegas que ficamos dias, ou até semanas, sem encontrar pessoalmente”.

A InnoTech recruta profissionais da área de análise e gestão, programação e arquitetura, testes de software e web design, atuando ainda em nichos de mercado como a cibersegurança. “Dada a situação do mercado, não só de uma menor procura face à oferta, mas também pela estabilidade que muitos profissionais procuram ter, não mudando, há posições em aberto que levam mais tempo para ocupar”, refere José Padre Eterno. Podem chegar às três a seis semanas. Por vezes, mais.

A tecnológica Colt recruta tipicamente software developers, especialistas de segurança, especialistas de redes IP, além de profissionais para as áreas de vendas, de gestão e de suporte aos clientes. ”Temos uma política salarial que valoriza o talento, o trabalho e as competências e que se reflete em níveis salariais superiores à média do sector no mercado nacional, acrescidos de um relevante conjunto de benefícios e bónus”, explica Carlos Jesus, country manager da Colt Technology Services Portugal e VP Global Service Delivery da Colt, ao JE.

A empresa dá total liberdade aos colaboradores para decidirem como e onde. Segundo Carlos Jesus, “em Portugal, em todas as funções que o permitem, as pessoas preferem trabalhar em modo remoto e temos um dia por mês em que estamos todos fisicamente nos nossos escritórios em Carnaxide, até para conviver uns com os outros”.

Analistas de sistemas e programadores de software são presença permanente no top 5 das profissões com mais ofertas de emprego da Brighter Future. A plataforma da Fundação José Neves mostra 1588 ofertas para programadores e um salário médio de 2.066 euros mensais. Um pouco mais (2207 euros) vale um analista. Há 1680 vagas. Não é coisa pouca, se olharmos para o país como um todo .

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