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PS pergunta o que teria acontecido ao país com saúde e segurança social privatizadas

Ana Catarina Mendes abriu a interpelação do PS ao Governo, no parlamento, com um discurso em defesa do Estado social e acentuando que a unidade nacional verificada na resposta à pandemia não deve esconder diferenças de caráter programático, até porque, mesmo com o país em estado de emergência, “a democracia nunca esteve suspensa”.
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José Sena Goulão/Lusa
28 Maio 2020, 16h56

A líder parlamentar do PS fez hoje uma intervenção marcadamente ideológica, perguntando o que teria acontecido à sociedade portuguesa na resposta à pandemia de covid-19 se os sistemas de saúde e de segurança social estivessem privatizados.

Ana Catarina Mendes abriu a interpelação do PS ao Governo, no parlamento, com um discurso em defesa do Estado social e acentuando que a unidade nacional verificada na resposta à pandemia não deve esconder diferenças de caráter programático, até porque, mesmo com o país em estado de emergência, “a democracia nunca esteve suspensa”.

Com os ministros das Segurança Social, Ana Mendes Godinho, da Saúde, Marta Temido, e da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, sentados na bancada do Governo, Ana Catarina Mendes fez depois um ataque cerrado às teses neoliberais.

“Uma das lições que podemos tirar destes últimos tempos é a absoluta necessidade de termos um Estado social forte para garantir a todos uma vida decente e justa. Aqueles que desvalorizam o Estado e o papel do Estado social nos últimos anos tiveram a prova de que estavam equivocados”, sustentou, recebendo palmas dos deputados socialistas.

A presidente do Grupo Parlamentar do PS defendeu então que a realidade demonstrou, “para quem dúvidas tinha, como é necessário um Estado social forte para garantir a todos uma vida decente e justa”.

“Aos que defendem um Estado mínimo nós respondemos com o Estado de bem-estar social com serviços públicos fortes que respondem em situação normal e, ainda mais, em momentos de crise como estes meses têm demonstrado. Foi a existência de um Estado social – e não de um Estado assistencialista – que permitiu, desde logo, a resposta sanitária à pandemia através da mobilização do Serviço Nacional de Saúde”, disse, em novo recado dirigido às bancadas à direita do PS.

Neste contexto, Ana Catarina Mendes sustentou que já antes da pandemia estava em curso “um compromisso com o reforço do investimento no Serviço Nacional de Saúde”.

“Tínhamos razão na prioridade, que não desapareceu, antes saiu reforçada com os últimos acontecimentos. Aos que desvalorizaram o Serviço Nacional de Saúde e que defenderam a sua privatização ou desmantelamento e aos que conscientemente o depauperaram nos anos da anterior crise para abrir caminho a uma velha e sempre enganadora ideia de liberdade de escolha, este é um tempo para refletirem sobre se a alternativa que propunham teria respondido a esta crise”, sugeriu a líder da bancada socialista.

Ainda nas críticas que dirigiu às correntes mais liberalizadoras na economia, Ana Catarina Mendes apontou que “aqueles que defendem a privatização da Segurança Social são os mesmo que reclamam, hoje, as respostas mais rápidas dessa mesma Segurança Social pública”.

“Se houvesse a privatização da Segurança Social como teriam ficado os portugueses e as portuguesas nesta pandemia?”, questionou, antes de defender a seguir o papel da “escola pública” na resposta à paralisia das atividades letivas por causa da pandemia de covid-19.

“Estávamos certos quando na anterior legislatura voltámos a apostar na escola pública, na ação social escolar, na formação de professores, na vinculação de mais de sete mil professores e na contratação de mais funcionários. Imaginem, como seria nesta pandemia a ausência da escola pública”, referiu.

Segundo Ana Catarina Mendes, na atual conjuntura, já não subsistem dúvidas.

“Um Estado social capaz de responder à emergência tem de ser um estado social forte em tempos de normalidade social e económica”, afirmou, antes de atacar a resposta dada à crise financeira pelo Governo PSD/CDS a partir de 2011.

“No passado recente – mas felizmente cada vez mais distante -, a resposta à crise foi degradar o Estado e os serviços públicos, empobrecer os portugueses e o país. A resposta dos cortes e da austeridade mostrou-se errada e não pode ser repetida”, frisou.

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