Esta sexta-feira, o PSI-20 negoceia pela última vez com 19 cotadas, passando na segunda-feira para apenas 15. Passa a ser uma das praças europeias mais pequenas da Europa, evoluindo no sentido contrário do que acontece, por exemplo, com a bolsa alemã.
Só seis países têm um índice de referência com menos cotadas que Portugal. A EDP Renováveis é a cotada mais valiosa do índice lisboeta. Seguida da EDP, da Jerónimo Martins e da Galp Energia, por esta ordem. Em quinto lugar surge a Navigator e o BCP só aparece em sexto lugar. No novo índice com 15 títulos a cotada que vale menos passa a ser a Mota-Engil, logo a seguir aos CTT.
“No mercado de capitais português, a EDP e a EDP Renováveis são responsáveis por mais de metade do valor em bolsa das cotadas no PSI. Se a estas duas cotadas se juntar a Galp Energia, a REN e a GreenVolt, a mais recente empresa do índice de referência da bolsa portuguesa, a capitalização bolsista conjunta das empresas do setor energético ascende a 50 mil milhões de euros. Em termos de valor, representam 67% do total, ou seja, ligeiramente mais de dois terços”, refere uma análise da BA&N Research Unit
A mesma análise às alterações à composição do índice de referência da bolsa de Lisboa, revela que, entre os índices de referência dos países da União Europeia, só seis têm menos empresas. A média é de 21 cotadas.
Destaque ainda para o facto de a bolsa portuguesa valer um terço do PIB nacional, segundo os cálculos da análise, sendo o setor da energia responsável por 5 das 15 cotadas no PSI.
A Novabase, Ibersol, Pharol e Ramada serão despromovidas do índice de referência a bolsa nacional na sequência da revisão das regras por parte da Euronext Lisboa. Saem assim quatro empresas, deixando o PSI-20, que agora passa a chamar-se apenas PSI, com apenas 15 cotadas, um dos índices mais pequenos entre os índices das praças europeias.
O PSI-20, que desde 2014 que não tinha 20 títulos passa a PSI.
Para integrarem o futuro PSI (sem 20) as empresas cotadas terão de ter uma capitalização de mercado em free float de 100 milhões de euros. Ora, se analisarmos o free float das cotadas que até agora compunham o índice, e apenas 15 das atuais 19 cotadas portuguesas que integram o PSI-20 cumprem aquele requisito.
Tal como o Jornal Económico avançou em primeira mão, a aplicação deste requisito deixa de fora a Ibersol, Novabase, Ramada e Pharol.
Das 15 que ficam, quatro são do sector da energia – EDP, EDP Renováveis, Galp e REN; duas são da área do Retalho – Sonae e Jerónimo Martins; e quatro são do sector da floresta, pasta e papel – Navigator, Semapa, Altri e Corticeira Amorim. No sector financeiro só há uma cotada, o BCP (e os CTT – Correios de Portugal estão expostos ao sector financeiro pela via do Banco CTT).
“Em 15 cotadas no PSI, cinco, ou seja, um terço do total, são empresas de energia, três são da pasta e papel (Altri, Navigator e a Semapa), seguindo-se, em termos de representatividade, o setor do retalho/distribuição, com a Sonae (que detém a MC, além de empresas de outros setores) e a Jerónimo Martins. Nota para as telecomunicações, com a NOS e os CTT, enquanto o setor financeiro, que em tempos teve uma elevada representação no PSI, conta agora apenas com o BCP”, refere a análise da BA&N.
A gestora da bolsa nacional decidiu rever as regras do índice, deixando cair a obrigatoriedade de haver um mínimo de 18 títulos. Não há mesmo um mínimo de cotadas, apenas critérios que têm de ser cumpridos para as empresas em bolsa poderem aspirar a estar nesta montra.
“Além do critério de velocidade do volume de negociação (mínimo de 15% das ações em bolsa têm de ser negociadas num período de 12 meses), passou a ser definido um valor mínimo de valor de mercado das empresas com base nos títulos efetivamente disponibilizados para negociação, o chamado free float, que acabou por ser o responsável pela saída, agora, da Novabase, Ibersol, Pharol e da Ramada”, diz a BA&N.
Estas medidas, introduzidas “por forma a melhorar a liquidez e eficiência do índice e ir melhor ao encontro das necessidades dos utilizadores”, de acordo com a Euronext Lisboa, veio deixar o PSI ainda mais pequeno.
A praça portuguesa há muito que apresentava um lote reduzido de títulos, reflexo da falta de atratividade do mercado de capitais portuguesas para muitas empresas que preferem recorrer ao financiamento tradicional, mas agora acaba por encolher ainda mais”, refere a análise.
Com estas 15 empresas, o PSI apenas conta com um número de cotadas maior do que seis dos índices de referência dos 27 países da União Europeia.
“Portugal passa a ter um benchmark apenas com mais títulos que a República Checa, a Croácia ou o Luxemburgo, mas os mesmos que a Bulgária e fica atrás de outras economias do leste da Europa, como a Polónia ou a Roménia”, diz a BA&N Unit Research.
A mesma análise dá conta que Portugal, ao passar de 19 para apenas 15 empresas, apresenta um número reduzido quando comparado com aquela que é a média de cotadas presentes nos índices de referência das praças dos vários países europeus e que é de 21 empresas. “Esta média encerra em si, contudo, uma grande disparidade de títulos nas várias praças, com a mais pequena, a bolsa da Eslováquia, a contar apenas com cinco empresas”, diz a BA&N.
“Chipre, Eslovénia e Luxemburgo também têm um reduzido número de cotadas nos seus índices, não chegando à dezena de empresas, enquanto 10 dos 16 países da UE apresentam um total entre 20 e 29 títulos nos respetivos índices de referência do mercado acionista. É isso mesmo que se verifica em países como a Irlanda, a Grécia, Bélgica ou os Países Baixos”, refere o research.
Acima de 30 títulos só há sete mercados na UE, sendo que três deles têm um total de 40 cotadas: Itália (FTSE MIB), França (CAC 40) e o DAX da Alemanha. Em Espanha, o IBEX conta atualmente com um cabaz de 35 títulos.
O DAX, da Alemanha, fez o caminho inverso do PSI ao passar, no final do ano passado, de 30 para 40 títulos. “Nesta que foi a maior reformulação do índice em mais de 30 anos de história deste benchmark, o objetivo foi o de aumentar a representatividade da economia alemã no mercado de capitais”, refere a BA&N.
Em Portugal, as empresas que se mantêm na principal montra do mercado de capitais apresenta uma capitalização bolsista conjunta de 74,1 mil milhões de euros. O valor em bolsa destas 15 empresas representa 35% do Produto Interno Bruto nacional, ou seja, a riqueza gerada anualmente no país. “A diferença com a saída das quatro cotadas é mínima, tendo em conta que valem, no seu conjunto, apenas 633 milhões de euros”, refere a mesma análise.
No caso do DAX, “o aumento do número de títulos cumpriu a função de fazer aumentar a representação da economia na bolsa já que a capitalização bolsista de 1,25 biliões de euros equivale a 37,5% do PIB. Também permitiu fomentar a diversificação de setores da economia germânica na bolsa, algo que não se pode dizer no que respeita ao caso português”.
A Euronext explicou há um ano que o novo nome e as mudanças na metodologia visam aumentar a atratividade do índice, melhorando sua qualidade e consequentemente a confiança dos investidores. O PSI continuará a ser o indicador de referência do desempenho das empresas líderes cotadas no mercado português.
A Euronext Lisbon admite que estão a ajustar o índice ao tamanho do mercado, e que esperam que o índice com as novas regras possa vir a ter 20 cotadas. “A regra que permite um máximo de 20 constituintes como parte do índice não será alterada, portanto, não estamos a retirar a possibilidade de termos 20 empresas no índice”, diz a Euronext num documento enviado na altura ao Jornal Económico.
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