No Portal do Governo, na área dedicada ao Ministério da Economia e da Transição Digital, pode ler-se ainda numa das notícias em destaque no topo da página: “A situação económica, social e financeira do país está mais sólida e mais saudável”. A frase é do Ministro Siza Vieira na Assembleia da República, nesse início de janeiro que agora parece tão distante, nesse momento  que se falava de excedentes e superavits esfumado – quem sabe até quando – pelo brutal impacto de uma inesperada pandemia. O tão temido “cisne negro”.

Como o próprio primeiro-ministro reconheceu em entrevista à SIC, o excedente orçamental vai obviamente diluir-se nas despesas relacionadas com as medidas de resposta ao impacto económico e financeiro da Covid-19. Esse mesmo excedente que, agora, muitos que o criticaram defendendo em alternativa maior despesa do Estado, estarão finalmente a perceber para que situações serve.

As medidas anunciadas esta semana para apoio às micro, pequenas e médias empresas (como o conjunto de linhas de crédito a taxas de juros baixas e o diferimento de algumas obrigações) são apenas um lado dessa mesma despesa, indispensável mas gigantesca. Até vermos, e quando será ninguém sabe ao certo, terminou o tempo do superavit. E o importante é que as pessoas, as famílias e as empresas vejam asseguradas as suas vidas com o maior apoio possível de todas as instituições, públicas e privadas.

E digo todas porque, ao contrário do que a esquerda radical do BE e seus companheiros de estrada ideológicos pretende, ao aproveitar-se politicamente desta situação de profunda crise, aquilo a que estamos a assistir não é uma demonstração inequívoca de superioridade do serviço púbico face aos privados. Bastaria mencionar o exemplo do grupo hospitalar privado CUF, que disponibilizou 50 ventiladores para uso pelo SNS e que – já agora – encomendou esses mesmos equipamentos muito antes do Estado e com maior previdência. Ou, logo no início deste mês de março, a disponibilização de camas pelos hospitais privados, através do presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada, para receber doentes infetados caso solicitado pelas autoridades de Saúde.

Regressando ao início desta crónica, este Governo que tanto fala de transição digital tem de saber comunicar de forma atualizada e clara as medidas que decide, de uma maneira esclarecedora do ponto de vista orçamental, pragmática e definitivamente calendarizada. À semelhança da Linha SNS 24, desejavelmente funcionando melhor do que esta em termos de capacidade de resposta, faz todo o sentido a existência de uma linha telefónica dedicada para esclarecimento dos apoios aos empresários neste momento em que a liquidez de muitos negócios é afetada, em especial na restauração e turismo, mas também em muitos outros setores.  Tal como os bancos têm de estar perfeitamente esclarecidos sobre as decisões que os envolvem.

De maneira clara e inequívoca, estes tempos que vivemos, e que ainda virão, exigem atitudes céleres e firmes e uma comunicação focada e esclarecedora sobre o efeito das medidas presentes no futuro de todos nós. Sob pena de esse futuro ser aquele que ninguém deseja.

 

De parabéns está a José de Mello Saúde, presidida por Salvador de Mello. As unidades hospitalares da CUF anteciparam as necessidades de equipamento devido à Covid-19 e ainda disponibilizaram 50 ventiladores para uso pelos hospitais do SNS. Uma medida que demonstra não apenas uma excelente capacidade de previsão, como também, responsabilidade, solidariedade e empenho no desígnio comum de combate esta pandemia.