O conceito de Purple People, introduzido por Wayne Eckerson, está associado ao resultado da mistura das cores azul e vermelha, que representa uma pessoa que une a vertente de negócios e de tecnologia. As Purple People surgem como uma grande mais-valia para as organizações, uma vez que estas pessoas atuam em ambas as fronteiras de conhecimento e são capazes de estabelecer elos de comunicação que são cruciais para acompanhar a tendência mundial de crescente digitalização/automatização dos processos a par de uma maior complexidade dos modelos de negócio e contexto regulatório.

A necessidades de pessoas ambivalentes nas equipas surge devido ao crescente fosso de especialização entre o conhecimento tecnológico e de negócio nas organizações. Esta distância entre as áreas, acaba muitas vezes por abrir um fosso intransponível, resultado de um olhar sobre as questões completamente diferente, e conduzindo ao desvanecimento de ideias inovadoras, e ao atraso da implementação de melhorias significativas nas organizações. Toda esta entropia poderá gerar frustração em ambas as partes, e levar ao acomodar da organização a situações que podem estar a comprometer o seu crescimento, desmotivar as suas pessoas, e mesmo prejudicar a sua atividade.

A Função de Auditoria Interna (FAI) assume um papel fundamental para ajudar a estabelecer pontes entre as várias áreas, evidenciando mais uma vez o seu impacto positivo nas organizações. A relevância do papel da FAI surge do contacto regular que mantém com todas as áreas da organização, tendo uma compreensão profunda de como os processos se interligam, e do impacto que cada atividade tem no bom funcionamento no modelo de negócio,. A presença das Purple People na FAI irá permitir que a Função atue como podendo assim agir como conselheiro informado e agente conciliador dentro da organização.

Como se tem vindo a observar nos últimos anos, e principalmente nestes tempos de pandemia, a adoção de soluções digitais pode estar na origem de verdadeiras revoluções nas organizações. Estas revoluções podem ser provenientes de grandes mudanças, mas também de pequenas alterações com um impacto significativo na forma de trabalhar das pessoas. Exemplos das alterações que as Purple People da FAI podem ajudar a implementar vão desde o incentivo à implementação de sistemas de controlo mais eficientes, até à digitalização num processo de uma área da organização, que, permitirá reduzir tarefas manuais e repetitivas, aumento de eficiência operacional e reforçando o ambiente de controlo (p.e. reduzindo o risco operacional).

Alimentadas pelo constante desafio de serem confrontadas com um problema e procurarem soluções de conciliação entre as vertentes tecnológicas e de negócio, as Purple People têm o gosto intrínseco pela melhoria contínua dos processos, recorrendo aos meios cada vez mais inovadores que estão à disposição. As organizações terão de selecionar pessoas com estas características. Contudo, para as manter, terão de permitir o crescimento e a inovação que uma Purple People procura, permitindo um conjunto de diferentes experiências e garantindo uma forte aposta na formação. De facto, muitas destas Purple People estão já nas equipas de Auditoria Interna, pelo que, o que precisamos neste momento, é de os deixar crescer e implementar as suas ideias, para que a sua “cor” se espalhe pelas organizações, contribuindo para um mundo mais funcional, interligado e eficiente.