Final e início de ano, são sempre momentos de reflexão. Não só a nível pessoal, mas também para as empresas. Mas é precisamente em momentos de alerta e de resiliência económica, como os que vivemos atualmente, que nos devem fazer olhar para o “hoje” da nossa Organização e atuar já.

Nesta linha, já pensou se precisa de reorganizar a sua empresa? Ou se é eficiente e ágil face à velocidade e competitividade do mercado?  Repensar ou melhorar a organização é visto como um exercício que requer um esforço elevado e arriscado. No entanto, um olhar mais profundo sobre estas questões tem demonstrado que é das frentes mais importantes para aproximar e unir as pessoas e tornar a Organização capaz de lidar com a incerteza que se vive hoje.

É como se de uma questão de saúde mental se tratasse, não podemos estar bem e preparados para as relações com os outros e com a sociedade, se não estivermos bem por dentro. Até podemos tentar ou disfarçar, mas em alguma altura, algo não vai correr bem.

Entretanto, o “mundo está em constante evolução e sem previsão de abrandar”. Esta frase cliché, é uma realidade que está a ocorrer, hoje, diante dos nossos olhos. Atualmente, o grande desafio, não é a mudança em si, que é um imperativo, mas o quão rápido conseguimos responder e acompanhar as mudanças.

A questão, é que grande parte das Organizações não está consciente dos passos de mudança que precisam de realizar, embora estejam alerta sobre aquilo que as rodeia. Vivem numa certa inércia ou adormecimento, tal como a pessoa que vai desprezando sinais e alertas que o seu corpo dá, sobre uma possível patologia, pensando que se trata de algo ligeiro. E segue neste loop, até dar conta que, por não ter atuado mais cedo, a situação evoluiu para um nível de maior gravidade face ao que esperava, passando a ser algo que exige outro tipo de tratamento ou de cuidados mais exigentes de saúde. Porquê pagar este preço?

É pois necessária proatividade para acordar e agir, atuando sobre o que podem ser as dores ou ameaças da Organização, transformando-as em vantagens ou oportunidades de crescimento. De facto, as Organizações vão sendo moldadas por diferentes forças internas e externas ao longo do tempo — mudanças na pool de talentos, novos empreendimentos, iniciativas de redução de custos, entre outros. Estes impactos têm consequências muitas vezes na forma de trabalhar dentro da Organização, levando a que possam estar a operar de forma pouco eficiente ou com perda de valor.

Nesta sequência, observamos que administradores/gestores tipicamente apostam em modificar o status quo da Organização com pequenos ajustes e melhorias pontuais. Embora politicamente mais aceitável e também sejam mudanças que contribuem para potenciar melhorias, esta abordagem muitas vezes apenas atrasa e reforça a necessidade de uma mudança real e estrutural.

Num cenário de mudança mais estrutural, um dos princípios base a adotar é uma atitude “de desafiar tudo” na Organização, sem exceções, através de metodologias próprias de colaboração e imersão. Velhas estruturas, incentivos, pessoas e normas não devem ser o ponto de partida. Este mote, é geralmente confundido com “vamos esquecer tudo o que sabemos”, porém não é esse o caso. Pretende-se antes focar nas capacitações diferenciadoras da empresa, para posteriormente, avaliar os modelos atuais, bem como potenciais alternativas. Se partirmos do que já temos, a tendência será obter apenas melhorias marginais.

É importante, por isso, que os líderes tenham a capacidade e audácia de se desafiarem a si próprios, impondo transparência e um robusto modelo de comunicação, trazendo a visão de todos os que no processo participam.

Se está na dúvida, comece por arrumar a sua “casa”. Como se costuma dizer, numa casa arrumada cabem todos os convidados. Ou seja, mais preparada estará para receber e encarar vários desafios.