O alto nível de compensação dos diretores executivos das empresas é um tema controverso. De acordo com um estudo da empresa Equilar, a mediana dos salários dos diretores executivos na Europa em 2018 era de 4,5 milhões de dólares em empresas com receitas entre um a cinco mil milhões de dólares por ano.
Se os valores observados de compensação se devem à extração dos lucros pelos diretores executivos por possuirem demasiado poder e capacidade para decidir a sua própria remuneração, então pode-se argumentar que o nível de remuneração está excessivamente elevado. Por outro lado, esses valores podem ser o resultado da competição entre empresas pelo talento dos diretores executivos. Mas qual é, afinal, a importância de um diretor executivo para o desempenho de uma empresa?
Está há muito documentado por economistas que diferentes empresas apresentam níveis de produtividade muito díspares em cada país, incluindo dentro de setores de atividade considerados bastante homogéneos. Bloom e Van Reenen, em 2007, utilizaram dados de questionários realizados a empresas nos EUA, Reino Unido, França e Alemanha sobre as suas práticas de gestão, para perceber se as “práticas de gestão de qualidade” estão associadas a uma maior produtividade das empresas.
Os autores verificaram que existe uma grande dispersão nas práticas de gestão das empresas dentro de cada país e entre países. Empresas que operam em setores mais competitivos tendem a ter melhores práticas de gestão. Em contraste, as empresas familiares, em que a sucessão dos cargos de direção ocorre dentro da família, apresentam as práticas de gestão de menor qualidade. Assim, o estudo oferece evidência de que a qualidade da gestão é importante para o nível de produtividade da empresa.
Dado este resultado, é relevante quantificar o valor que o diretor executivo aporta aos resultados da empresa. Bennedsen, Pérez-González e Wolfenzon, em 2020, examinaram o impacto das hospitalizações de diretores executivos de empresas na Dinamarca para responder a esta questão.
Os autores descobriram que os diretores desempenham um papel significativo nas empresas. Em particular, uma hospitalização de dez dias resulta numa diminuição de 5,8% da rentabilidade operacional e numa redução dos investimentos da empresa. Os autores determinam que os diretores executivos têm um impacto mais relevante quando a empresa se encontra numa fase de crescimento acelerado e possui um elevado capital humano. A hipótese da compensação relacionada com talento é apoiada pelo facto de que os diretores executivos que geram mais valor são, na generalidade, mais jovens e possuem um maior nível de educação.
Não obstante a evidência que indica que diretores executivos detêm o talento e a qualidade necessários para melhorar o desempenho da empresa, a compensação destes pode ser considerada excessiva se o valor que criam for inferior à sua remuneração. Nguyen e Nielsen (2014) analisam o impacto no preço das ações de uma empresa quando ocorre a morte inesperada do(a) diretor(a) executivo(a) e relacionam esse impacto com a sua compensação. A evidência apresentada no estudo não sustenta a hipótese de remuneração excessiva. Na realidade, os autores mostram que os diretores com mais talento são também os mais bem pagos e aqueles cujas empresas mais beneficiam da sua presença.
Em conclusão, a liderança de um diretor executivo é um fator crítico para o sucesso e a saúde financeira de uma empresa. A relação entre compensação e desempenho é complexa, e embora a remuneração possa parecer elevada, ela frequentemente reflete o valor que esses líderes trazem para as suas empresas.