No congresso socialista do último fim-de-semana, António Costa ergueu como bandeiras do PS o casamento homossexual, a adopção de crianças por casais do mesmo sexo, a liberalização do aborto e a eutanásia. Algo que é, precisamente, o oposto ao que a Igreja Católica defende e ao modelo de sociedade que pretende – inspirado na família e no direito à vida.

Quanto aos dois primeiros temas, é de salientar que a posição actual da Santa Igreja pode ser encontrada nas “Considerações sobre os projectos de reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais” da Congregação para a Doutrina da Fé. Este documento de Joseph Ratzinger (então futuro Papa Bento XVI), aprovado pelo Papa João Paulo II, refere que “todos os fiéis são obrigados a opor-se ao reconhecimento legal das uniões homossexuais”. Mas diz mais: “não existe nenhum fundamento para equiparar ou estabelecer analogias, mesmo remotas, entre as uniões homossexuais e o plano de Deus sobre o matrimónio e a família”.

Relativamente aos últimos temas, podemos focar-nos no conteúdo da Encíclica “Evangelium Vitae” do Papa João Paulo II que, relembrando o Concílio Vaticano II, considerou que “tudo quanto se opõe à vida, como seja toda a espécie de homicídio, genocídio, aborto, eutanásia e suicídio voluntário (…) são infamantes”. Mais recentemente, num congresso de médicos católicos, também o Papa Francisco considerou que “o pensamento dominante propõe por vezes uma falsa compaixão, que considera uma ajuda para a mulher favorecer o aborto” e “um acto de dignidade proporcionar a eutanásia”.

Ora, tendo em conta que Costa se colocou, com orgulho, no campo oposto ao da Santa Igreja, então é legítimo questionar se haverá algum católico que em consciência possa voltar a confiar-lhe o seu voto. Haverá quem argumente que não interessa o que a Igreja Católica diz, pensa, ou defende, tão-pouco as suas posições doutrinárias, mas certamente que não será alguém que pertença aos 89% de católicos deste país.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.