A pandemia da Covid-19 levantou sérios obstáculos ao setor da aviação comercial, incluindo a rentabilidade dos aeroportos, devido ao confinamento e às restrições no tráfego de passageiros. Na Europa, os efeitos económicos da pandemia está a colocar em risco de falência cerca de 200 aeroportos.
De acordo com um relatório do Conselho Internacional de Aeroportos para a Europa (ACI Europe, sigla inglesa), dos 740 aeroportos comerciais instalados na região, 193 correm o risco de colapsar e entrar em insolvência nos próximos meses, se o tráfego de passageiros não recuperar.
Os aeroportos em causa asseguram postos de trabalho para 277 mil trabalhadores e a sua operação corresponde a 12,4 mil milhões de euros de receitas anuais. Ou seja, o risco de colapso de 193 aeroportos, cuja identidade não foi revelada, representa “um quadro dramaticamente sombrio” no futuro do setor da aviação, segundo o diretor-geral da ACI Europe, Olivier Jankovec.
“Oito meses depois do início da crise, todos os aeroportos europeus estão a queimar dinheiro para continuarem abertos, com as receitas longe de cobrir os custos operacionais, muito menos os custos de capital”, salienta Jankovec em comunicado. “A atual imposição de quarentenas pelos governos, em vez de testes, deixa os aeroportos europeus mais perto do limite a cada dia que passa”, acrescenta.
O diretor-geral da ACI Europe lembra que a Europa atravessa já a segunda vaga da pandemia e que “a principal preocupação” do setor é “garantir viagens áreas seguras”. Contudo, Jankovec defende que é possível fazer “um trabalho muito melhor” do que aquele que está a ser feito na mitigação da disseminação do novo coronavírus. Desde logo, “testando os passageiros aéreos, em vez de aplicar quarentenas que não podem acontecer”.
Acresce à gestão da pandemia nos aeroportos os riscos financeiros, sobretudo nos maiores aeroportos. De acordo com o relatório da ACI Europe, os maiores aeroportos “não estão imunes ao risco financeiro”, ao contrário dos mais pequenos que correm menos riscos. Os maiores aeroportos “cortaram custos ao máximo e recorreram aos mercados financeiros para sustentar contas e construir almofadas de emergência. Esse aumento repentino da dívida – um acréscimo de 16 mil milhões de euros para os 20 principais aeroportos europeus – equivale a quase 60% das suas receitas num ano normal”.
“Somando isso aos despedimentos de milhares de trabalhadores altamente qualificados, claramente põe em risco o futuro [dos maiores aeroportos]”, lê-se.
O número de passageiros nos aeroportos da Europa caiu 75%, em setembro, em termos homólogos. De acordo com a ACI Europa, os aeroportos europeus já perderam 1,3 biliões de passageiros desde o início da pandemia.
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