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Imobiliário: Quase dois mil milhões de euros de investimento em 2017

O investimento em imobiliário comercial em Portugal atingiu um volume de aproximadamente 1.900 milhões de euros em 2017, registando um crescimento de 50% em relação a 2016.
  • Cristina Bernardo
14 Janeiro 2018, 21h00

2017 fecha com vários recordes para as consultoras imobiliárias. Um ano de grande transações e de investimentos avultados num mercado que está em ‘ebulição’. Algumas consultoras já apresentaram os seus resultados e os números superaram as expetativas.

Segundo os dados apurados pela consultora JLL, esta atividade está acima dos 1.254 milhões de euros transacionados em 2016 e projeta o ano de 2017 para um patamar nunca atingido em Portugal. Nos mercados de habitação, escritórios, retalho e hotelaria, 2017 foi igualmente ano de forte crescimento nas transações e de um aumento evidente de preços e rendas.

Para Pedro Lancastre, diretor-geral da JLL Portugal, “2017 foi um ano espetacular para o mercado imobiliário em Portugal. Já não estamos a falar de um percurso de recuperação, mas sim de expansão. No investimento e na atividade de ocupação e venda de escritórios, e hotelaria, atingiram-se volumes de negócios e crescimento de valores que superam máximos atingidos no mercado. É um crescimento sustentado e sustentável, porque as fontes de procura são hoje muito mais diversificadas e o posicionamento de Portugal na captação de capital internacional não é conjuntural”.

O responsável adianta ainda que “na nossa atividade, tivemos o melhor ano de sempre desde que estamos em Portugal, quase duplicando o crescimento médio anual dos últimos dois anos. Foi um ano de crescimento a dois dígitos – e até a três em algumas áreas de negócio – além de consolidarmos a nossa quota de mercado. Só na atividade transacional de investimento, de ocupação de escritórios e venda de habitação premium, atingimos quotas de 30% a 45% do total negociado pelo setor, o que mostra o nosso contributo para o dinamismo do mercado”.

Também a consultora Cushman & Wakefield (C&W) apresentou resultados acima das expetativas e segundo Eric van Leuven, diretor-geral da consultora em Portugal, “em linha com a tendência a que vimos a assistir desde há dois anos, 2017 foi mais um ano excelente para o mercado do imobiliário comercial em Portugal. De uma forma transversal todos os setores registaram um elevado dinamismo, tanto ao nível da atividade ocupacional como de investimento. Os valores de mercado, rendas e yields, repercutiram este bom momento e atingiram em muitos casos novos máximos históricos”.

Segundo a consultora, os investidores estrangeiros mantiveram-se muito ativos, tendo sido responsáveis por 75% do volume total, mas os players nacionais assumem uma importância crescente, aumentando a sua quota de participação em mais de 10% face a 2016 e representando este ano 25% do capital investido (440 milhões de euros). O setor que maior capital atraiu foi o de retalho, que captou 43% do investimento num total de 730 milhões de euros. Seguiram-se os escritórios que atraíram 37% dos capitais investidos, cerca de 630 milhões de euros. O setor industrial acumulou em 2017 o valor de investimento mais alto de sempre, superior a 300 milhões de euros, em grande parte resultado da mudança de mãos da empresa Logicor – detentora de um dos maiores portfólios de imobiliário logístico na Europa e com bastantes ativos em Portugal – que foi adquirida pela China Investment Corporation.

Tal como em 2016, as transações de portfólios de grande dimensão continuaram a ter um peso muito significativo no total de investimento tendo representado 69% do volume transacionado.

O mercado de escritórios da Grande Lisboa teve um dos seus melhores anos de sempre: entre janeiro e novembro foram arrendados cerca de 155 mil m2 de escritórios, refletindo um crescimento homólogo na ordem dos 30%. As estimativas de fecho de ano apontam para os 170 mil m2, valor que será o terceiro mais alto da história deste mercado.

2018 será um ano forte

Para Pedro Rutkowski, CEO da Worx – Real Estate Consultant o ano de 2017 encerra igualmente com “chave-de-ouro e deixa antever para 2018 um ano igualmente forte, com muitas operações de montantes significativos a aguardarem o seu fecho no decorrer dos próximos meses”.

O responsável assegura ainda que “com volumes de liquidez que deverão permanecer elevados, o mercado português de investimento continuará a estar na rota dos principais fundos de investimento internacionais, continuando a competir em terreno vantajoso perante as suas congéneres europeias. Ainda que com algumas ressalvas fruto de incertezas políticas e económicas de algumas potencias europeias, Portugal deverá continuar a confirmar o interesse dos playersinternacionais”.

Os segmentos de retalho e escritórios continuarão a ser, na opinião da consultora, as grandes estrelas em 2018, com os valores de yield a entrarem em terreno mais estável. Também o segmento de Development será uma das maiores tendências apontadas para 2018, muito virado para os segmentos residencial e de escritórios.

Já Eric van Leuven, da C&W, a atividade de investimento em 2018, tendo em conta a expetativa de manutenção de um ambiente de baixas taxas de juro e a redução muito gradual da política monetária expansionista do Banco Central Europeu, deverá manter em 2018 o dinamismo dos últimos anos, ajudada ainda pela recente revisão dos ratings da dívida soberana de Portugal por parte da Standard & Poors e da Fitch. “O capital estrangeiro continua a considerar Portugal como uma excelente alternativa de investimento, oferecendo níveis de risco controlado a taxas atrativas face à maioria dos mercados europeus. Os negócios de investimento atualmente em curso com estimativa de fecho prevista ao longo de 2018 ultrapassam já hoje os 2.500 milhões de euros – um indicador muito significativo da atratividade do mercado português”, explica.

O responsável aponta ainda o ano de 2018 de crescente inovação no mercado imobiliário. “Espera-se que setores alternativos até à data pouco explorados, como são os hotéis, os espaços de co-working, as residências de estudantes ou as residências seniores comecem a surgir em força, captando o interesse de ocupantes e investidores”, conclui.
Quanto a Pedro Lancastre, assegura que o interesse internacional por Portugal, enquanto destino para investir, morar, trabalhar ou visitar, vai manter-se muito forte, ao mesmo tempo que os portugueses também estão mais ativos. “É uma tendência que afeta positivamente a procura por todos os tipos de imóveis e que terá uma abrangência geográfica cada vez maior, alargando a mercados secundários além de Lisboa, Porto, Algarve”, revela. O responsável da JLL, admite também que a maior libertação de financiamento também ajudará ao robustecimento do mercado quer de investimento quer de ocupação. “O grande desafio será dar gás à promoção de nova habitação e escritórios, já que o stock disponível de qualidade e ajustado às várias franjas da procura começa a escassear, limitando o crescimento do mercado”, conclui.

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