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Quase metade dos jovens executivos em Portugal querem bater com a porta

Estudo realizado pela AESE Business School revela grande insatisfação dos executivos entre 40 e 55 anos. As chefias tóxicas são o principal problema apontado pela maioria dos 42,3% que querem sair das empresas onde trabalham.
desemprego emprego
14 Setembro 2024, 12h28

O ambiente é de cortar à faca: 42,3% dos jovens executivos, entre 40 e 55 anos, querem sair das empresas onde trabalham. Esta é a principal conclusão do estudo estudo “Atrito e retenção de talento”, realizado pela AESE Business School.

No topo dos fatores de atrito que motivam esta vontade está a chefia tóxica, apontada por 73,3% dos inquiridos. Seguem-se a cultura empresarial tóxica (58%), falta de perspetivas de carreira (41,8%), falta de reconhecimento (39,5%) e remuneração baixa (38,3%).

Na intenção de sair da empresa, as mulheres estão à frente, com 47,4% a expressarem essa intenção, contra 35,8% de homens. Também são os mais qualificados os que estão mais dispostos a bater com a porta: 48,1% detentores de mestrado, versus 26,1% com o ensino secundário. Ao nível de responsabilidades na empresa levam vantagem os detentores de cargos técnicos: 64,1% vs alta direção: 35,4%.

“Focámo-nos nesta franja de profissionais porque é uma geração negligenciada nos estudos, ainda que seja a mais presente nas empresas e responsável por áreas importantes, como estratégia, operação, expansão, crescimento, abertura de novos mercados, de novos negócios, entre outras”, afirma José Fonseca Pires, um dos autores do estudo, que envolveu também  António Capela e Pedro Afonso, da AESE, e Miguel Fonseca, da Universidade Nova de Lisboa.

O estudo aponta caminhos para reduzir o atrito, nomeadamente a construção de lideranças competentes e humanistas. Para impulsionar a fidelização destes executivos, sugerem-se estratégias que visam dar espaço a que assumam ainda mais responsabilidades, com autonomia; reconhecimento e valorização; acompanhamento discreto, atento e personalizado, para evitar sinais de burnout, bem como formação em direção.

“O estudo procurou entender os principais fatores que levam à saída voluntária de colaboradores, mas também aos fatores que conduzem à sua fidelização”, explica José Fonseca Pires. Entre estes encontram-se: chefia que valoriza o trabalho e o bom ambiente (65%), dar perspetivas de carreira (53,5%), favorecimento de cultura empresarial positiva (50,8%), fomentar equilíbrio trabalho/família (46,5%) e incentivos financeiros (43,8%).

A amostra do estudo “Atrito e retenção de talento” foi retirada da base de dados Alumni AESE, que consentiu em ser contactada para o efeito. Das 7073 pessoas contactadas via e-mail, foram obtidas 751 respostas, das quais 645 são completas, o que representa uma taxa de resposta efetiva de 9,1%. Nesta amostra, dois terços são homens, 96% com ensino superior, 50% estão na faixa etária 40-55 anos, 94% têm cargos executivos, estando disperso o sector de atividade e a tipologia da empresa – público/privado, familiares e cotadas.

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