No artigo “Decision making: It’s not what you think.”, Henry Mintzberg e Frances Westley argumentam que a nossa forma de tomar decisões em grupo raramente é racional. Só em situações em que o contexto é estruturado, o problema é claro e a informação é fiável, é que podemos decidir de forma exclusivamente científica. Neste caso, o grupo tende a comunicar de forma verbal e analítica, designadamente pela elaboração e discussão de listas de pontos.

Se o problema for, por exemplo, a mudança para um novo escritório, o grupo fará uma lista de todos os itens decorativos necessários e decidirá a sua exata localização no novo escritório antes da mudança. Na prática, contudo, o dinamismo e a complexidade da realidade raramente se coadunam com esta abordagem que os autores denominam por “thinking first”.

Em alternativa, o grupo poderá decidir a decoração do novo escritório de forma mais flexível, com uma abordagem que Mintzberg e Westley denominam por “seeing first”. Neste caso, a comunicação é visual, designadamente pela cocriação de uma imagem ou colagem em grupo. Voltando ao mesmo exemplo, cada membro do grupo desenhará ou colocará autocolantes de itens decorativos num mapa do novo escritório antes da mudança.

Esta segunda forma de tomar decisões em grupo é, portanto, mais visual e menos verbal, mais artística e menos científica, mais emocional e menos racional. É sobretudo eficaz em contextos nos quais a linguagem racional se torna ambígua, designadamente pela heterogeneidade dos membros do grupo.

Finalmente, se o contexto for disruptivo e com elevados níveis de volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade, Mintzberg e Westley recomendam uma terceira abordagem à tomada de decisão em grupo: “doing first”.

Neste caso, a comunicação é espontânea, designadamente pela cocriação de um protótipo ou improvisação de um jogo de papéis em grupo. Voltando ao mesmo exemplo, o grupo colocará miniaturas de itens decorativos numa maqueta do novo escritório antes da mudança ou improvisará um jogo de papéis sobre a utilização do novo escritório antes da mudança. Este tipo de decisão é, por isso, mais artesanal.

Numa versão não publicada do mesmo artigo, a que tive acesso por amabilidade de Henry Mintzberg, o “seeing first” era associado à espiritualidade humana. Ironicamente, nas duas décadas que se seguiram à sua publicação, proliferaram os estudos empíricos sobre o papel da espiritualidade humana na tomada de decisão em grupo. Em particular, um grupo pode rezar ou meditar antes de tomar uma decisão, na busca de maior discernimento (“praying first” ou “meditating first”).

Neste caso, a comunicação tende a ser pautada por momentos de silêncio para que os membros do grupo possam receber revelações de Deus ou do Universo. Voltando ao mesmo exemplo, o grupo rezará ou meditará antes de decidir a decoração do novo escritório com as três abordagens de Mintzberg e Westley (“thinking first”, “seeing first” e “doing first”). Conclui-se, portanto, que a tomada de decisão em grupo pode basear-se em palavras (1D), em imagens (2D), em protótipos (3D) e em revelações (4D).