É nos momentos difíceis que emergem os grandes líderes. Ou, pelo contrário, se percebe quem, afinal, não tem capacidade.

O caso do Brasil é paradigmático. Questões de estilo à parte, as coisas estavam a correr bem ao país até fevereiro. A economia dava bons sinais e estavam em curso reformas importantes na segurança social e justiça e na estruturação dos mercados. Caminhava-se para uma economia mais aberta e preparava-se um plano de privatizações para modernizar a economia. Bolsonaro tinha delegado nos seus ministros e limitava-se a fazer a gestão política. Só que a Covid-19 expôs a sua real incapacidade de lidar com problemas mais complexos, facto que se agravou com a progressiva centralização de decisões. O resultado está à vista, com uma situação descontrolada da pandemia, uma economia em dificuldades, suspeitas de nepotismo e uma ainda maior divisão social num Brasil sem estratégia.

Em Portugal, o combate à pandemia não começou mal porque se fez o que era sensato e estava a ser decidido em quase toda a Europa. Com o passar do tempo, as mensagens contraditórias e alguma discricionariedade nas medidas levou a menor união e consciencialização entre os portugueses, fazendo com que o país tenha deixado de ser visto como um exemplo.

Chegamos a um momento crucial em que é preciso ter uma visão estratégica sobre o que vai ser Portugal. Se todas as crises geram oportunidades, para já não se vislumbra nenhuma ideia sobre o que se pretende para o país. Este é o tempo de os líderes mostrarem o que valem… ou não valem.