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Quem disse que o empreendorismo apenas existe no privado?

Ter um Estado que não comprometa as contas e que consiga ao mesmo tempo incorporar a inovação para servir a população é o Estado do século XXI.
31 Janeiro 2019, 10h25

O empreendorismo, como é concebido pela generalidade da sociedade, é frequentemente visto com alguma desconfiança na medida em que a tendência é pensar em grandes grupos particulares altamente eficientes e geradores de lucro. Contudo, a visão a que nos propomos é diferente. Nem todas as ideias têm como objetivo tornar-se sociedades comerciais que vemos cotadas nos mercados, muitas vezes injustificadamente conotadas como “aqueles capitalistas”.

É aqui que devemos ter atenção a dois importantes intervenientes que podem ajudar a que a população portuguesa olhe para o empreendorismo com mais confiança: as startups, PME e o próprio Estado. Pasmem-se aqueles que olham para o setor público como uma autoridade burocratizada altamente avessa à inovação (nós sabemos que isso acontece na maioria das vezes, mas vamos tentar ajudar a limpar a imagem).

A verdade é que um dos principais problemas à criação de empresas é o financiamento, ou porque a maioria das pessoas não possui capitais próprios, ou porque o financiamento se torna difícil, pois os empréstimos bancários não se revelam viáveis ou porque nem todos os “mecenas” consideram o projeto apelativo para nele investir.

Deste modo, existem diversos programas públicos de apoio à criação de projetos, veja-se o programa FINICIA que normalmente resulta de fundos públicos municipais que podem cobrir 85% do negócio. Um dos exemplos de sucesso deste abono é a Science4You. Além deste espetro existem muitos outros modos públicos de candidaturas a financiamento tais como Portugal 2020, que é participado pela União Europeia, ainda que, a nosso ver, tenha requisitos excessivos de admissão que poderão limitar a iniciativa de novos projetos.

Destacámos já a ajuda pública a concretizar startups e PME. Vejamos agora quando a inovação criada pelo Estado atua somente na prossecução do interesse público, servindo as populações.

Há vários exemplos, a começar pelo topo do setor público, nomeadamente o Governo. Seria de saudar, em particular, a criação da plataforma One Value que congrega informações sobre investimento público nas áreas mais determinantes de índole social como a proteção social, a saúde, o emprego e justiça. Ter um Estado que não comprometa as contas e que consiga ao mesmo tempo incorporar a inovação para servir a população é o Estado do século XXI.

Destaca-se assim, numa escala menor, o trabalho desenvolvido pelas freguesias nesta matéria, com especial relevo para o exemplo da Estrela que criou uma app chamada GeoEstrela que permite aos residentes da freguesia reportarem via telemóvel situações que prejudiquem o seu normal quotidiano naquela área.

De um modo geral, é verdade e reconhecemos que, face a outros países, o setor público não apoia convenientemente os nossos jovens empresários. Ainda assim, começa a registar-se uma tendência mais aberta à inovação através dos exemplos referidos acima.

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