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“Quem não deve, não teme”: Montenegro “disponível” para responder à PGR se necessário for

Primeiro-ministro reafirma estar de “consciência completamente tranquila” relativamente à empresa que está na origem da crise política.
JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA
11 Março 2025, 15h23
Em atualização

Luís Montenegro voltou a garantir, no arranque do debate da moção de confiança esta terça-feira no Parlamento, que não praticou “qualquer crime” ou “falha aos deveres de função” de primeiro-ministro, “nem há nas oposições prova de um único caso contrário que ateste o contrário”.

“Estou, como sempre estive, disponível para esclarecimentos adicionais, respondendo a requerimentos adicionais, e à comissão parlamentar de inquérito que este Parlamento vier a constituir. Estarei disponível para responder se for necessário à Procuradoria-Geral da República e à Entidade da Transparência. Não temo o esclarecimento nem o escrutínio. Quem não deve, não teme, e eu tenho a minha consciência absolutamente tranquila”, declarou o chefe do Governo.

Prosseguindo no discurso, e depois de ter elencado os feitos da sua governação, Luís Montenegro frisou que “uma falsidade repetida não se torna numa verdade, mas contamina o ambiente político e cria um clima artificial de desgaste e de suspeição sobre o Governo”, concluindo: “É disto que se alimenta o populismo e é com isto que se degrada a política”.

“Isso não nos surpreende no Chega, que tudo tem feito para desviar as atenções dos seus próprios problemas. Do seu líder conhecemos o estilo, dispara primeiro e pergunta depois, por isso nunca acerta”, apontou o primeiro-ministro, adoptando a estratégia de colar os socialistas à extrema-direita. “Este ano andou de mãos dadas com o PS com o qual votou contra uma maior redução dos impostos para a classe média ou a criação de uma polícia de fronteiras para combater a imigração em Portugal”.

“Hoje”, continuou, o Chega “ficará na história por se unir à esquerda para deitar abaixo um governo de centro-direita”.

Depois de ter colado o PS à extrema-direita, e vice-versa, o primeiro-ministro vincou que da esquerda “mais extremista e radical” não tem “ilusões” devido ao conhecido “preconceito ideológico”. Mas voltaria depois a atacar o principal alvo, o PS: “O que nos choca e lamentamos profundamente é a postura do maior partido da oposição. Não resistiu a fomentar a desconfiança, a insinuação, e até a acusação”. Luís Montenegro sustentou que se os socialistas quisessem mesmo o escrutínio, teriam “apresentado um requerimento com as suas perguntas. Não o fez”.

“Sabem que exerci as funções em exclusividade. E ninguém me pode acusar com fundamento de um único caso de violação de normas de conflitos de interesses, mas o que o PS quer é manter a suspeição em lume brando. O PS não olha a meios para promover um desgaste lento à procura de tirar proveitos políticos para si mais à frente”, disse.

Montenegro acusa PS de aderir às fakenews

Montenegro lamentou que Pedro Nuno Santos tenha tido o “descaramento” de dizer que tivemos um primeiro-ministro avençado (pelo facto de a empresa Spinumviva recebido uma avença mensal da Solverde). “Isto não é sério, é chicana política, isto é populismo. Isto é a adesão do PS às fakenews“, atirou ainda o primeiro-ministro. “Já sabíamos que o PS votava com o Chega, agora usa também as mesmas táticas políticas”, acusou.

Para Luís Montenegro, “o comportamento do PS não é digno da história do partido, nem é digno de uma relação leal entre os grandes partidos portugueses”.

Aproveitando para responder ao que disse Pedro Nuno Santos na entrevista dada no dia anterior, o primeiro-ministro disse ser “mentira” que tenha criado uma empresa para receber avenças depois de ter sido empossado. “É mentira. O deputado Pedro Nuno Santos mentiu e se tem ética tem hoje uma oportunidade de pedir desculpa por isso”.

Luís Montenegro, nesta intervenção inicial, repetiu que na política “não vale tudo”, que “está nas mãos do PS saber decidir se vamos para um processo eleitoral antecipado ou não”, e desafiou o partido liderado por Pedro Nuno Santos a dizer “o que é que quer verdadeiramente”. E terminou lançando um desafio ao secretário-geral socialista: “Estou disponível para suspender esta sessão se o deputado disser em concreto que informação pretende, de que forma pretende e em que prazo pretende, para de uma vez por todas poder dizer ao país se está ou não está esclarecido”.

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