A catedral de Notre-Dame, um símbolo-maior de Paris, foi consumida pelas chamas na segunda-feira – o pináculo ruiu, a nave central ardeu, mas o altar e as relíquias sobreviveram. “O pior já passou”, afirmou o presidente de França Emmannuel Macron que já garantiu que a catedral com quase nove séculos de história vai ser reconstruída com base em angariações de fundos. A Fundação Heritage já anunciou uma campanha nacional e a família Pinault fez saber, em comunicado à AFP, que vai desbloquear 100 milhões de euros para a recuperação de Notre-Dame. Também os Arnault anunciaram doar 200 milhões
“O meu pai [François Pinault] e eu decidimos desbloquear 100 milhões de euros da Artemis para participar no esforço necessário para a reconstrução completa de Notre Dame”. Nota enviada à AFP
O anúncio foi feito por François Henri-Pinault, 56, presidente executivo do grupo Kering e principal rosto herdeiro da fortuna dos Pinault que foi gerada pelo seu pai, o multimilionário francês François Pinault, 82 anos, considerado em conjunto com a família o 30.º homem mais rico do mundo pela revista “Forbes”.
Os 100 milhões que os Pinault anunciaram colocar ao serviço da reconstrução da Notre-Dame vão sair dos cofres da Artemis, uma outra holding francesa que esta família detém e utiliza para diversificar os investimentos.
A família Pinault é amplamente conhecida em França, cuja fortuna associada ao patriarca François Pinault ascende aos 35 mil milhões de dólares, segundo a revista norte-americana. Tudo começou em 1963, quando François Pinault investiu no comércio de madeiras. Nos finais da década de 1980 a companhia de seu nome Pinault entraria na bolsa de Paris e a década de 1990 ficaria marcada pela fusão da Pinault com a Printemps e a La Redoute – estava criado o grupo PPR (Pinault-Printemps-Redoute), que contava com importantes participações na Conforama e FNAC.
Na viragem do milénio, surgiu um novo administrador do grupo PPR e um processo de rebranding e novos investimentos. Em 2005, François-Henri Pinault, filho de François Pinault e casado com a atriz Salma Hayek, tomou o comando do grupo que tomou como objetivo reorientar o grupo para o mercado de moda e luxo. Tudo começou com a aquisição da Gucci, em 1999, mas hoje a Kering (cujo nome surgiu num processo de rebranding em 2013) detém participações em importantes marcas de produtos de luxo como Saint Laurent, Alexander McQueen e Balenciaga.
De acordo com a “Bloomberg”, a Kering é um gigante do setor de luxo e moda. Os últimos dados disponíveis, apontam para uma receita de 15,5 mil milhões de euros em 2017.
Além da Kering, a família Pinault controla a holding Artemis que detém a leiloeira Christie’s, vinhas, o Teatro Marigny, em Paris, e o clube de futebol francês Stade Rennais F.C. Esta família detém uma coleção de arte pessoal de três mil peças, com obras de Picasso, Mondrian e Koons – os Pinault planeiam abrir um museu em 2020.
Rival dos Pinault doa 200 milhões
A onda de solidariedade não se ficou pelos Pinault. Também a família Arnault, que controla o grupo de marcas de luxo LVMH – Moët Hennessy Louis Vuitton, que é o principal concorrente da Kering dos Pinault, anunciou a doação de 200 milhões de euros para a reconstrução da Notre Dame.
“A família Arnault e o grupo LVMH, em solidariedade para com esta tragédia nacional, associam-se à reconstrução desta catedral extraordinária, símbolo da França, sua herança e sua unidade”, Comunicado da LVMH, grupo que detém marcas como a Louis Vuitton, a Dior, a Bvlgari e a Marc Jacobs.
O grupo LVMH, liderado por Bernald Arnault, 70, é uma das companhias de produtos de luxo mais aclamadas do mundo, integrando um império de 70 marcas de moda e luxo. A operação deste grupo ganhou ainda maior relevância a partir de 1985, quando Bernald Arnault, o patriarca da família Arnault, comprou a casa Christian Dior por 15 milhões de dólares.
No último ano, o grupo LVMH faturou 46,8 mil milhões de euros na venda de produtos de luxo, onde se encontram também relógios TAG Heuer e o famoso champanhe Dom Perignon.
Bernard Arnault, em conjunto com a sua família, é o homem mais rico de França e é considerado pela “Forbes” a quarta pessoa mais rica do mundo, sendo também o patrono do museu da Fundação Louis Vuitton.
Atualmente, a LVMH desenvolve um investimento de 3,2 mil milhões de dólares no grupo hoteleiro Belmond que gere 46 hóteis, comboios e cruzeiros.
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