Às horas a que escrevo este artigo ainda não sabemos os resultados finais das Eleições Legislativas de 2024. De acordo com as projecções será a AD o partido (perdão, a coligação) mais votado, seguindo-se-lhe o PS e o Chega, em terceiro.

Sabemos, de há uns anos para cá, que a polarização política se vinha a sedimentar e agora parece que a essa polarização se juntou uma mobilização política. Por exemplo, nas últimas Eleições Legislativas, em 2022, a participação nas urnas rondou os 52% e, neste momento, com base nos dados disponíveis, verifica-se que a 10 de Março de 2024 houve um aumento para os 66%. No geral, estas são boas notícias: em Democracia, a participação popular é central para a sua manutenção e bom funcionamento.

Mas, num país em que o desinteresse na política é grande, esta participação terá que ser lida por outras dimensões porque é marcadamente importante. A participação eleitoral extraordinária é importante quando lida ao nível da idade de quem foi votar: são os mais jovens quem votou mais? Nas próximas semanas, retiraremos conclusões sobre isso mesmo.

Ao final da noite saberemos que possibilidades de governo estarão sobre a mesa, pois tanto pode haver um governo de direita, como um de esquerda, como um ao centro. Esta última possibilidade seria uma interessante nota na história política portuguesa e que, apesar de difícil, não pode, neste momento, ser posta de parte.

Certo é que o governo que se formará a partir destes resultados eleitorais não se irá manter por muito tempo – será um governo minoritário com muitas dificuldades. Mas, o mais importante aqui é sabermos que também foi votar quem normalmente não votaria. E é este ponto que os partidos políticos terão de ter em linha de conta nas suas estratégias. Porquê? Porque olhamos para partidos como “king makers”, mas esquecemo-nos de que são os cidadãos quem o são, sobretudo se votarem no mesmo sentido.

A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.