O debate sobre a regionalização está novamente na ordem do dia e tudo indica que o tema vai dar que falar nos próximos anos, apesar do apoio “sem pressas” por parte de António Costa e Rui Rio.

Em certos círculos, sobretudo na capital, a regionalização é vista como uma medida despesista que multiplicaria “tachos” e retalharia o país em benefício de centenas de caciques e boys regionais a quem o atual sistema político-partidário já não consegue oferecer sustento.

Este risco existe, é certo, mas as experiências das nossas autonomias e as de outros países europeus de dimensão equiparável demostram que os benefícios da regionalização superam os seus eventuais efeitos negativos, se for implementada nos moldes adequados, prevenindo situações de descontrolo orçamental.
O primeiro benefício seria o mais óbvio, a maior proximidade entre eleitores e eleitos, permitindo uma resolução mais rápida e eficiente dos problemas.
Quem está no terreno conhece melhor a realidade local. As autarquias têm esse conhecimento, mas não possuem a escala e o mesmo poder negocial, perante Lisboa e Bruxelas, que teria uma região administrativa. Desta forma, os interesses das populações ficariam melhor defendidos.

Em segundo lugar, a unidade nacional não ficaria em causa. Alguém imagina o Minho, as Beiras ou o Algarve a exigirem a independência?

No fim de contas, quem teria a perder com a regionalização seriam aqueles que passariam a ter menos poder de decisão. Já o país só teria a ganhar com o desenvolvimento do interior, a redução das assimetrias regionais e a redução da ‘macrocefalia’ de Lisboa e Porto. Afinal, quem tem medo da regionalização?

Nota: Como habitualmente, as opiniões expressas nesta coluna vinculam apenas o seu autor.