Douglas Peter Kelly, da Florida, de 49 anos de idade, ficou com fortes dúvidas sobre a qualidade das metanfetaminas que comprou, e que o deixaram a sentir-se menos bem. Vai daí, tomou a única decisão lógica: telefonou para a polícia de Putnam County e queixou-se, pedindo que testassem o produto. Disse ser sua intenção processar o indivíduo que lhe tinha vendido a coisa. Os polícias, claro, responderam que sim, era só passar por lá. Quando Kelly apareceu, e após verificar-se que se tratava de facto de metanfetaminas, foi logo “engavetado” e o Xerife publicou no Facebook um post onde dizia: “Remember, our detectives are always ready to assist anyone who believes they were misled in their illegal drug purchase.”

Há muita gente com extraordinárias ideias sobre drogas. Basta lembrar o sujeito que injetou cocaína no pénis para, digamos, melhorar a performance e acabou sem ele e com as duas pernas e nove dedos amputados. Ou Sho Daniels, que provou uns bolinhos de marijuana e acordou a residência universitária aos gritos convencido que o colega de quarto era Jesus Cristo que o preparava para o fogo do Inferno.

Mas não é preciso estar pedrado para ter ideias. Tomemos o exemplo duma conhecida figura do país vizinho, Pablo Iglesias. Ele é conhecido por tweetar em 2012 a pergunta “entregarias a política económica do país a quem gasta 600 mil euros num apartamento de luxo?”; agora comprou uma casa de 600 mil euros. É verdade que ninguém lhe entregou a política económica, mas ele não deixa de parecer uma espécie de aprendiz de Bruno de Carvalho, pois até um referendo fez no partido por causa disto.

Ora, este Iglesias, defensor de longa data da legalização da marijuana (ele já disse que, com marijuana, até fumava o cachimbo da paz com Felipe González; a opinião de Felipe González não é conhecida), teve uma ideia revolucionária: transformar a Espanha num país de referência na exportação de marijuana, criando mesmo uma denominação de origem espanhola. Segundo ele, várias razões o sustentariam, desde a possibilidade de desenvolver o comércio com o Canadá – sendo que não especificou o que o Canadá exportaria para Espanha em troca – até, muito importante, um clima extraordinariamente propício ao cultivo da coisa, isto é, condições naturais excelentes e uma vantagem comparativa certa.

Aliás, Iglesias foi mais longe, pois já havia dito que praticamente a totalidade dos fumadores do seu país já experimentou fumar erva. A acreditar que assim é, Espanha não seria um país de fumadores mas sim uma terra de ganzados. Vamos, portanto, ver se Iglesias tem a habilidade de convencer os seus colegas parlamentares a não só apoiarem esta medida, mas também a tirarem dela as devidas consequências. Daria uma nova e original faceta aos debates parlamentares.