Perante esta epidemia que se propagou aos quatro cantos do mundo, com mais de duzentos milhões de infetados e quatro milhões de mortos, e em Portugal a ascender a cerca de um milhão de casos e mais de 17 mil mortos (um dos país do mundo com maior incidência), o momento é de pensar na reconstrução do país, no desconfinamento e na total abertura da nossa economia.

Neste esforço, contaremos muito com os nossos empresários e empreendedores, que lutam diariamente pela sustentabilidade das suas empresas, pela manutenção dos postos de trabalho e, em muitos casos, contribuindo de forma ativa e generosa em iniciativas de apoio aos mais necessitados.

Existe um Portugal que não se conforma nem se verga às dificuldades. E que irá lutar pelo nosso futuro coletivo. São já muitos os exemplos das empresas que se reinventaram para vocacionar a sua atividade para outros setores, como aquelas empresas têxteis que começaram a produzir máscaras, ou as que faziam impressões 3D ou peças para automóveis e que agora fazem viseiras, ou as que produziam cerveja e agora fabricam gel desinfetante.

Ainda assim, no último ano e meio de pandemia, houve uma quebra profunda na economia nacional, bem maior do que na crise da troika. Num cenário de contração da economia à escala mundial, o ano de 2020, e os dados que se conhecem de 2021 em Portugal, bateu todos os recordes negativos, com a economia a afundar-se e a taxa de desemprego a mais do que duplicar.

Na corrente semana, em que chegará a Portugal a primeira tranche de apoio comunitário de 2,1 mil milhões de euros, correspondente a 13% dos 16 mil milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o Estado terá de desempenhar um papel absolutamente relevante na definição das áreas estratégicas a investir e incentivar, para que exista um real espírito solidário com quem gera emprego e riqueza nacional, com quem protege a saúde e a área social.

É que apesar desta resiliência, o momento económico é dramático, pois mais de metade das nossas empresas, não tendo liquidez, vivem de apoios bancários. Sem receitas para fazer face aos compromissos, sem apoios reais do Estado, correm sérios riscos de colapsar. Importa não esquecer que o Portugal real não é só a TAP, a Efacec ou a Banca.

Exige-se assim precaução e sabedoria nos passos públicos. Há que planear a retoma económica, proteger o emprego e o rendimento dos portugueses e evitar no futuro mais austeridade, já que estamos em máximos impensáveis de carga fiscal sobre as pessoas e as empresas.

Projetar o pós-crise sem propagandas políticas, é determinante para evitar uma pandemia financeira que já se sente no ar. Urge, e para já, mas o Governo terá que gerir com eficácia o que nos é dado por solidariedade europeia!