Um termo de origem alemã que combina “real” (realidade) e “politik” (política). A realpolitik se caracteriza por decisões e estratégias políticas baseadas em considerações prácticas e utilitárias, em vez de ideais ou éticas. O conceito ganhou destaque no século XIX, pelo chanceler Otto von Bismarck, para conduzir a política externa da Prússia e um dos principais proponentes do realpolitik.
Estamos de volta ao realpolitik! Esta abordagem associada ao pragmatismo envolve alianças e negociações que, à primeira vista, podem parecer contraditórias com as posições ideológicas. Contudo, na práctica, ações e decisões políticas são guiadas pela necessidade de manter ou adquirir poder, priorizando resultados estratégicos, mesmo que isso signifique comprometer valores ou princípios. Chamam-lhe BRICS, G7 ou G20, não importa a designação, de facto leia-se pragmatismo ou salve-se quem puder!
O dinheiro é que importa e as sanções económicas, frequentemente utilizadas como ferramentas de pressão política, podem ter um efeito paradoxal e repercutir negativamente sobre aqueles que as impõem… O exemplo mais recente é o das consequências do preço da energia na Europa das sanções contra a Rússia que, em resposta, tem buscado novos aliados e mercados, reconfigurando novas dinâmicas globais.
As eleições da superpotência sempre provocam incerteza económica e política ao redor do planeta e, nesse contexto, as Áfricas, frequentemente vistas como um continente marginalizado, finalmente começam a despertar. Com a redução da dependência de potências tradicionais e a busca por novos parceiros comerciais, as Áfricas, podem aproveitar a oportunidade para se afirmar no cenário global como resposta à distância entre promessas e realidade.
O cansaço das Áfricas e o duplo negacionismo são ingredientes de mudança. A auto negação, por um lado, que se perpetua em alguns países africanos em não verem a corrupção e a má gestão dos recursos, tem levado a um desperdício significativo. Por outro lado, as atitudes e a “cegueira” da Europa para com as Áfricas é no mínimo autonegacionista, na base de acções e narrativas de “dois pesos e duas medidas”.
As cartas estão lançadas, o jogo está aberto para os próximos anos de Realpolitik. A resiliência do continente africano é um lembrete de que os padrões globais estão sempre em evolução e que os desafios actuais podem abrir portas para um futuro mais equitativo. Aqui mais ao sul não temos nada a perder!
A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.