Que grande rebuliço com os números do INE do primeiro trimestre e das contas públicas! Que desarrumação vai nos economistas de serviço. As coisas já não estavam a correr bem, mas isto foi demais, um verdadeiro despautério. E agora a saída do PDE! Deita abaixo qualquer alma bem intencionada. E extraordinário, até a Comissão Europeia é cúmplice destas encenações da “esquerda”, a dita “(…) está a prestar um péssimo serviço a Portugal (…)”, Camilo Lourenço dixit.
Presos na armadilha a que se armadilharam – meia dúzia de índices económicos dependentes de demasiadas variáveis –, profetas confiantes nas suas profecias é um ver se avias, a saltar da carroça. Mas lançando penas de maus augúrios, a desgraça ainda não veio mas vai chegar em triplicado… “Não abram já o champanhe”, o BCE vai acertar-vos o passo um dia destes, “‘o desmame’ do BCE está à porta”; “A economia europeia acelerou, mas não se sabe quanto tempo isso vai durar”, insiste o mesmo… Diz João Salgueiro: 2,8% não é “bom desempenho” (reparem, é notável!), “porque esse devia ser o mínimo do nosso crescimento nos últimos 10 anos e não foi”. Por onde andavas tu Salgueiro que nenhum governo te enxergou?! Mas “Não é um bom começo?”, desespera o jornalista. Taxativo o Salgueiro: “Não. Porque não se fez nada para isso. Aconteceu este trimestre”. Senhor, que grande é a azia!
Explicações, muitas… mas a mais frequente é erigir em axiomas as suas próprias convicções, atribuindo-as a outros… E depois são os outros em estado de negação: “Durante o período de ajustamento, a esquerda andou a dizer aos portugueses que o rigor orçamental e o crescimento da economia eram incompatíveis” (Luís Marques)! Ora agora, prova-se que tal é falso. Que esquerda? Que rigor orçamental? O do corte de salários? O de uma “enorme carga fiscal” sobre o trabalho e o consumo? O do encerramento de serviços públicos?
E não nos esqueçamos do Dr. Honoris Causa de Salgado: “Quanto ao consumo amuou… Os portugueses não consomem nem aforram, pois as taxas de poupança continuam miseráveis (…), e até menores do que há um ano.” Queres ver que este povo está a deitar o dinheiro à rua ou a dá-lo aos pobrezinhos de S. Vicente de Paula? Para onde é que eles estarão a mandar a “nota”? Mistério!
Mas não seria desta gente toda, mais o Passos e Cristas fazerem um Congresso, convidarem o Schäuble e o holandês, e acertarem o fio do discurso… porque assim é feio! Não bate a bota com a perdigota – ditado popular, mas não populista. Ou então confessem, como um ex-bonzo do seu guia espiritual, o FMI: “Não que eu perceba, ou que alguém perceba porquê e como, mas a verdade é que os resultados são bons”, (Olivier Blanchard, ex-economista chefe do FMI, Público, 20MAI17).