[weglot_switcher]

Recuperação e inflação devem levar Portugal a pagar mais para emitir dívida a 10 e 15 anos

A ultima venda de OT a 10 anos foi através de um sindicato bancário, a 7 de abril, com a instituição liderada por Cristina Casalinho a pagar 0,30% para emitir quatro mil milhões de euros, mas entretanto as ‘yields’ têm vindo a subir devido à expectativas sobre a inflação e sobre o programa de compra de ativos do BCE.
12 Maio 2021, 08h00

O IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – vai ao mercado esta quarta-feira para emitir um total de entre mil milhões e 1.250 milhões de euros em dívida a 10 e 15 anos, num leilão duplo em que as incertezas sobre a inflação e o ritmo de compras pelo Banco Central Europeu deverão forçar o Tesouro a pagar taxas de juro mais elevadas do que nas vendas anteriores.

A ultima venda de OT a 10 anos foi através de um sindicato bancário, a 7 de abril, com a instituição liderada por Cristina Casalinho a pagar 0,30% para emitir quatro mil milhões de euros.

Entretanto a taxa dessa dívida benchmark tem vindo a subir no mercado secundário e negociava nos 0,541% esta terça-feira, perto de máximos de junho de 2020.

“Esperamos um leilão com sucesso, com taxas próximo do secundário”, referiu Filipe Garcia, economista e presidente da consultora IMF-Informação de Mercados Financeiros.

“As taxas têm vindo a subir e temos percebido alguma intençao do IGCP em emitir com alguma celeridade para evitar taxas mais altas”, adiantou. “De resto, a presidente do IGCP ja tinha avisado em bom tempo, em fevereiro que o ‘chão’ das taxas de juro baixas poderá já estar para trás de nós”.

Para Filipe Garcia, a subida das taxas na zona euro prende-se com o crescente otimismo sobre a recuperação economica e as dúvidas sobre se a inflaçao será um fenomeno temporário ou mais permanente.

O economista salientou que já  se notam algumas vozes no BCE a defender a redução do ritmo de compras. Na passada sexta-feira, Martin Kazaks, membro do Conselho do Governadores, disse que o banco central poderá reduzir o ritmo de compra de ativos se os custos do financiamento permanecerem baixo.

Christine Lagarde, presidente do BCE, prometeu em março acelerar o ritmo de compras de forma significativa para responder ao risco que a subida das yields este ano, sustentada na expectativa do acelerar da inflação, representa para as condições de financiamento. A promessa foi reteirada em abril, mas ainda assim a aceleração tem sido limitada. Em abril o BCE comprou ativos no valor de 80,12 mil milhões de euros, face aos 73,52 mil milhões de março.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.