A acompanhar a proposta de Orçamento do Estado para 2021, foi conhecido o Plano de Recuperação e Resiliência 2021-2026, que representa um plano de suporte estratégico baseado em três áreas de atuação prioritárias: Resiliência, Transição Climática e Transição Digital.

Analisando a medida da Transição Digital, esta divide-se em três grandes roteiros: Escola Digital, Empresas 4.0 e Administração Pública Digital.

Nesta fase de planeamento, há que reconhecer que as prioridades estão lá e com uma dimensão de 2,6 mil milhões de euros a investir entre 2021-2026, que significa reforçar o investimento da literacia digital da sociedade portuguesa, dinamizar e requalificar o tecido empresarial, bem como transformar digitalmente a Administração Pública.

Até aqui tudo bem. Estamos numa fase importante da vida do país, vital para assegurar que “apanha o barco” do mundo digital. Este reposicionamento da competitividade digital do país é crítica para garantir a competitividade num mundo de globalização profunda, com estruturas laborais e empresariais ágeis, aptas para  mudanças bruscas por fatores concorrenciais ou pandémicos, ou por disrupções tecnológicas.

A velocidade de processos e novos negócios no mundo é cada vez maior e ou Portugal se prepara estruturadamente para a competição, ou será um amador em campeonatos de profissionais.

A questão que se coloca nesta fase, perante o bom diagnóstico que está feito e a clara definição e identificação das prioridades, é: seremos capazes de executar? Adaptando uma frase de Albert Einstein: “Não espere resultados diferentes fazendo tudo exatamente igual!”.

A história mostra-nos que foi na organização e execução que falhámos muitas vezes no passado. Se não mudarmos esses hábitos, sendo mais exigentes, definindo claramente objetivos e métricas, continuaremos a desperdiçar oportunidades que podem não voltar a acontecer. A velocidade atual do mundo, empresarial e geopolítico, não se coaduna com erros recorrentes.

O que é preciso então para que as coisas deem certo?

Três ações fundamentais: Liderança, Responsabilização e Medição.

Primeiro: instituir o Chief Digital/Information Officer (CDO/CIO) do Governo, isto é, identificar claramente quem lidera o programa. A pessoa que ocupar esta função tem de ser visionária e eficaz, dispor de uma equipa alinhada e motivada, com exigência no cumprimento de planos de ação setoriais.

Segundo: definir os responsáveis setoriais, também eles motores de mudança e de responsabilização direta, formando entre si a Equipa de Projeto transversal ao governo, na dependência do ministro setorial e do CDO/CIO.

Terceiro: aplicar a máxima da gestão em tudo o que seja definido como linha de ação – “Gerir é medir”. Este plano de Transição Digital do país, para que tenha de facto sucesso, deve garantir a existência de indicadores de gestão que meçam tudo, quer do ponto de vista de conceitos de negócio (eficácia e eficiência), quer do ponto de vista técnico (execução tecnológica).

Estas são três ações que nos apoiarão a crescer na competitividade digital do mundo. Importa não esquecer que se fizermos o mesmo que foi feito até aqui, e depois de descer da posição 34º para a 37ª no índice da OCDE, poderemos cair mais ainda.

Temos mais uma oportunidade! Teremos a coragem, a organização e a capacidade para recuperar, e a resiliência necessárias para um reposicionamento no panorama digital mundial como um país único, ágil e moderno?