As Euribor atingiram novos mínimos históricos, já perto dos -0,50% da taxa de depósito do BCE. São taxas impressionantemente baixas, às vezes difíceis de entender e ainda mais de explicar. A Euribor a 3 meses já está negativa desde abril de 2015, pelo que não se trata de um fenómeno conjuntural.

A Alemanha colocou esta semana títulos a 3 meses a -0,577%, abaixo da taxa de depósitos do BCE, o que se explica pelo facto de muitos intervenientes de mercado interessados em parquear liquidez não serem bancos e, por isso, não terem acesso à taxa do BCE. Noutro segmento do mercado, os swaps para fixar taxas de juro estão negativos até aos 15 anos.

Na quarta-feira, Portugal emitiu dívida a 10 e 25 anos, a 0,329% e 1,045%, respetivamente. A taxa a 10 anos foi a segunda mais baixa de sempre nesta maturidade, apesar do contexto de recessão grave. E o défice orçamental em 2020 será tão histórico como o de 2019, só que pelos piores motivos.

Os juros baixos e a liquidez abundante têm sido a boia de salvação de muitos agentes económicos. Aqui incluem-se famílias e empresas que, em muitos casos beneficiam adicionalmente de moratórias. Países endividados como Portugal e o próprio Euro dependem de juros baixos e não se imagina as taxas possam subir sem criar uma implosão financeira. No caso de Portugal, significa que a independência está perdida em termos de saldo orçamental. Para a Zona Euro como um todo, e pensando em casos muito sensíveis como Itália, é plausível pensar numa solução que passe por algum tipo de “jubilieu” ou transformação da dívida em perpetuidades com juros simbólicos.
Famílias, empresas, países, governos, bancos e o euro – todos estão reféns dos juros baixos.