A nossa História faz-se com a migração e a relação com a nossa Diáspora. Todos os avanços económicos, sociais e culturais devemo-los a eses dois vectores, cuja conciliação nos granjearam o reconhecimento dos nossos parceiros internacionais .
Nos últimos cem anos, Portugal experimentou três grandes movimentos emigratórios e um enorme retorno.
O primeiro movimento ocorreu nos anos 40 do Século passado. A Segunda Grande Guerra acabara e embora Portugal não tivesse participado dirrectamente, tinha-lhe sentido os efeitos económicos devido à sa localização geográfica. Era pois um país exaurido, com uma população maioritariamente vivendo num interior esquecido, pobre e sem esperança.
Os que então partiram fugiam da fome que grassava e dum futuro que se lhes negava. Na sua esmagadora maioria, analfabetos e sem qualificações, procuravam países cuja língua, a cultura e a História fossem muito semelhantes à que deixavam. Rumaram às colónias, ao Brasil mas também à Argentina e Venezuela. Os portugueses dos arquipélagos,pelos contactos que tinham com os barcos vindos dos Estados Unidos e do Canadá, aventuraram-se a procurar o sonho americano.
Os anos sessenta assistiram a nova leva de gente partindo.
A Guerra Colonial e a ditadura obrigaram milhares de jovens a passar “ a salto” para a França e a Alemanha. Muito embora continuassem a ser na sua maioria jovens vindos do interior e ileterados, a tipologia destes novos migrantes mudara. Existia já uma certa, chamemos-lhe “ elite intelectual” que por razões políticas partia rumo a uma Europa que crescia às nossas portas e nos fazia conscientes da nossa pequenez e atraso. Durante mais duma década Portugal despediu-se de homens que “lavrassem o pão” e que cantassem a liberdade.
A Revolução de Abril trouxe consigo a descolonização e arrastou meio milhão de refugiados de África. A sua maioria não era “ retornado” pois que nunca tinha vivido na “metrópole” e todos eles fugiam da realidade que tinham conhecido e que fora a sua vida até ao momento. Eram pois refugiados.
Num ano o País soube reinstalar e integrar estas pessoas.
O papel do IARN com todos os defeitos que lhe possamos apontar, foi hérculeo nesse processo e a resposta portuguesa naqueles dias de angústia para tantos homens mulhees e crianças sem chão, foi heróica. Não apenas a título estatal mas ao nivel da cidadania, das pessoas, da solidariedade. Evidentemente que foi também um tempo de crispação , de desconfiança mas foi simutaneamente uma época de acolhimento e o resultado foi que em menos duma década, Portugal evoluiu economica, social e culturalmente o que não tinha evoluido nas quase cinco em que permanecera fechado a novos ventos e novas ideias. Fruto da liberdade e da revolução_? Sim sem dúvida. Mas também do esforço dos que tinham vivido com horizontes bem mais alargados e que conheciam um Mundo de várias cores.
Já neste século e após termos passado de País de emigração a pais de acolhimento e destino imigratório, eis que os nossos jovens mais bem qualificados , preparados, são “ convidados” a emigrar . E fizeram-no . Não sem lágrimas nem ressentimentos contra um país que lhes negava a possibilidade de viverem diganmente na sua terra, mas fizeram-no.
Neste momento Portugal precisa urgentemente do retorno destes jovens e o governo tem vindo a empenhar-se fortemente em programas de atracção por forma a possibilitar que estes jovens altamente qualificados , retornem ao seu país, o país que investiu na sua formação mas não os soube reter.
Não se trata de tarefa fácil! Enquanto nas duas levas anteriores os que partiam faziam-no com a firme intenção de voltar um dia por mais tarde que fosse, sentido-se sempre emigrantes de facto, a geração 2000 é a geração que olha a Europa como a sua casa e como tal já não tem tão forte o sentimento de “ estranho numa terra estranha”. São os jovens dos programas Erasmus, dos voos low cost, dos contactos via Skype e Watshapp ,da cultura universal da internet, multilingues.
Mas são os nossos jovens. Os que queremos connosco , os que precisamos não apenas afectivamente mas por razões demográficas e económicas. São a geração mais bem preparada de sempre e continuam a sair rumo a outros países onde são recebidos com as perspetivas que lhes não damos .
Programas como o REGRESSAR que propõe a redução do IRS nos quatro anos a seguir ao seu retorno, são optimas ideias . Mas pouco exploradas, pouco conhecidas e que levantam inúmeras questões. Desde logo a que se impõe: que actece a quem regressa mas acaba por não ficar , seja por falta de oportunidades ou seja por vontade própria, antes que se cumpram os quatro anos?
E será suficiente uma redução de impostos, por mais benéfica que seja, para atrair quem saiu?
Serão suficienes os Gabinetes de Apoio ao Emigrante espalhados já um pouco popr todo o país?
Não creio. Há que completar estes programas com outras medidas envolvendo outros sectores do governo e do tecido empresarial.
Incentivos – reais!!!- à natalidade, com aumento do tempo de licença parental sem perda de vencimento; com alargamento da rede de apoio à primeira infância; com abonos – reais!!!- de familia; com apoio ao arrendamento e à aquisição bonificada de habitação própria, são algumas das medidas que compete ao Estado implementar .
Mas a denominada “ sociedade civil” não pode deixar de se envolver sobretudo no que concerne à empregabilidade . Temos dos jovens mais bem preparados e qualificados da Europa. Investir na sua capacidade e no seu conhecimento através da oferta de salários competitivos com os praticados noutros países, proporcionar mobilidade por mérito nas carreiras são incentivos que reverterãopositivamente e em pouco tempo a nossa economia.