Entre 14 e 17 de Setembro, teve início o novo ano lectivo. Segundo o Ministério da Educação, estamos perante um universo de cerca de 1,2 milhões de alunos do ensino pré-escolar ao ensino secundário, a que se somam cerca de 210 mil docentes e não-docentes, distribuídos por 812 agrupamentos escolares. Uma fonte potencial de disseminação da Covid-19, como se temia?
Nem por isso. No início desta semana, segundo os dados divulgados pela Direcção-Geral da Saúde (DGS), de entre as mais de cinco mil escolas, apenas tinham sido reportados 12 surtos activos de Covid-19. Um número manifestamente reduzido, de algum modo afastando os receios mais pessimistas.
Não sabemos, com rigor, se este número inicial e inexpressivo de surtos se deve às medidas de mitigação implementadas, ou se decorre apenas da ausência do vírus na comunidade. Em todo o caso, é um número que não gera preocupação ou alarme, e os primeiros dados, portanto, parecem dar razão a quem defendia, como é o meu caso, o regresso à normalidade possível e às aulas presenciais.
Todos sabemos que o ensino à distância prejudica os mais frágeis, aqueles que não têm um computador, acesso com um mínimo de qualidade à Internet, ou cujos pais não têm meios para pagar explicações. E todos sabemos, igualmente, a importância da socialização nestas idades.
Importa, no entanto, que o Governo corrija as falhas detectadas e responda aos apelos da comunidade, nomeadamente oriundos dos sindicatos, garantindo que as escolas têm os assistentes operacionais necessários, que as turmas não tenham um número excessivo de alunos e se cumpra o distanciamento físico mínimo exigido pela DGS.
Isto dito, a nossa economia não pode voltar a parar como no primeiro semestre deste ano. Seria uma catástrofe para as empresas e para as famílias, num contexto em que o Estado seria colocado perante escolhas muito difíceis.
Importa, por isso, regressar à normalidade possível, mitigando riscos e tendo plena consciência que haverá semanas boas e outras que nem tanto. É crucial que se mantenha a economia a funcionar, os bancos a operar, as empresas a produzir e as famílias a garantir o seu rendimento, gerando consumo, por um lado e, por outro, originando impostos e receita para o Estado, os quais, por sua vez, permitirão apoiar aqueles a quem o infortúnio já bateu, ou baterá ainda, à porta, na forma da perda do seu posto de trabalho.
A pandemia é um problema e um risco, mas importa calibrar a resposta. É possível manter um mínimo de normalidade, como o regresso às aulas parece confirmar. Urge, agora, olhar para a área da Saúde onde estamos ainda muito longe de restaurar o nível serviços similar ao pré-Covid. Também aqui, tal como na educação, os mais frágeis são quem sofre as consequências, incapazes de recorrer a alternativas no sector privado.
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.