Num documento dedicado à estratégia das universidades portuguesas para o futuro pós-Covid, o Conselho de Reitores Portugueses (CRUP) diz esperar que o próximo ano letivo traga de novo os estudantes aos ‘campi’ universitários e pede ao Governo que acautele a perda esperada nos cofres das instituições devido à crise pandémica. “Para que as universidades sejam parte da solução e não do problema”, é necessário, segundo os reitores, atualizar o modelo de financiamento, que garanta o reforço da aposta na qualificação dos portugueses e o investimento em ciência.
Como é previsível que, em virtude da crise, haja uma quebra das receitas próprias das universidades, é fundamental acautelar desde já este problema no Orçamento Retificativo que o Governo está a preparar, afirma o documento.
O organismo liderado por Fontainhas Fernandes alerta para a necessidade de responder à crise social com apoios aos estudantes, adequação das instalações de ensino superior e novas ofertas formativas para quem precisa de novas competências nas carreiras profissionais.
“As universidades só cumprem plenamente a sua missão com atividades presenciais”, afirma Fontainhas Fernandes, presidente do CRUP, que é reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Para tal, acrescenta, é necessário que seja clarificada a aplicação das regras de distanciamento nas salas de aula, que se clarifiquem as regras da obrigatoriedade do teletrabalho, entre outros requisitos.
A crise do novo coronavírus revelou, segundo os reitores, “a necessidade e a urgência” de continuar e reforçar as políticas de ciência e de ensino superior. “Para garantir que jovens portugueses com capacidades não sejam impedidos de progredir no seu desenvolvimento, devem ser preparados mecanismos de alargamento das condições de acesso aos apoios da Ação Social para estudantes do ensino superior, incluindo a capacidade de alojamento”, destacam.
Os reitores consideram que a crise económica potenciará transformações na economia e no mercado de trabalho, trazendo desemprego e a necessidade de adequar as competências de muitos trabalhadores. “Para apoiar a retoma da economia e assegurar a integração das pessoas em idade ativa no mercado de trabalho é determinante o desenvolvimento de programas de formação de curta duração, orientados para a capacitação ou recapacitação em dimensões especializadas”, escrevem.
No mesmo sentido, sustentam que “devem ser desenhados instrumentos de proteção no desemprego, orientados para a promoção das qualificações conferentes de graus ou de diplomas”.
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