A incerteza é a palavra que melhor caracteriza todas as previsões e outlooks, de várias instituições internacionais, para o ano de 2025. O contexto geopolítico assim o dita e a prudência é o melhor remédio no arranque de mais uma etapa.
Ainda assim, há boas notícias no horizonte e as boas notícias devem ser sinalizadas. A Aicep assinou cerca de 420 milhões de euros em contratos, contrariando a tendência da imprevisibilidade. Ainda longe dos montantes alcançados antes da pandemia, o nível de investimento contratualizado pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) recuperou no ano passado.
Antevê-se que as novas apostas possam criar mais de mil postos de trabalho, em que mais de metade (600) serão trabalhadores qualificados em área de tecnologia, investigação e desenvolvimento. É um bom sinal porque o país precisa de mais do que meros call centers. Está também previsto que os novos investimentos se façam reflectir em seis áreas de negócio distintas, contagiando positivamente toda a economia.
A Stellantis e a Bosch estão no topo da lista. A primeira fábrica fica em Mangualde e começou a construção em série de veículos elétricos em outubro último, resultado de uma aposta de 119 milhões de euros. A segunda, a inaugurou o Laboratório de Investigação e Desenvolvimento de Soluções Sustentáveis de Climatização, com um investimento de 35 milhões de euros. Há mais na calha. Chegará a Santa Maria da Feira a LuftansaTecnik com a anunciada fábrica de reparação de peças de motores e componentes de avião.
O governo português considera que o investimento é a palavra-chave no presente ano, mas é preciso ter em conta a forte concorrência de mercados como Irlanda, Países Baixos, Espanha ou até Marrocos (salvaguardadas as devidas diferenças), com os quais Portugal se compara na capacidade de atração de IDE. A Irlanda deverá ganhar com a nova era Trump nos EUA, Marrocos continua a captar investimento industrial e logístico (um mercado para o qual Portugal deveria estar mais atento) e Espanha tem conseguido captar um elevado fluxo de investimento estrangeiro, ‘apesar do governo Sanchez’, como referem vários empresários e analistas.
Ora, em Portugal, os investidores acreditam na capacidade de crescimento, apesar das condicionantes políticas de uma maioria parlamentar mínima que suporta o governo. Logo, é preciso que essa incerteza política – num ano que terá eleições autárquicas e o arranque das presidenciais – seja reduzida e coberta por variáveis que levem os investidores a concretizar as suas promessas de investimento como, por exemplo, a oferta de talento do país.
Portanto, as questões associadas ao investimento que se devem colocar são: o país estará a conseguir a reter os seus talentos jovens ou menos jovens? O país atrai mão-de-obra estrangeira que gosta de viver e trabalhar aqui, mas consegue aumentar salários para atrair e reter trabalho qualificado? Além da captação de IDE e do crescimento das empresas nacionais, esse talvez seja o maior desafio de 2025.