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Renault dá ‘guinada’ às tarifas e foge ao caos no sector automóvel

Num momento em que grupos como a Stellantis e a Volkswagen se mostram extremamente pressionados pela guerra comercial em duas frentes (China e EUA), a estratégia da Renault parece ter sido a mais adequada para o que se avizinha.
13 Abril 2025, 16h52

Grande parte dos fabricantes automóveis receberam com muito pessimismo o anúncio das tarifas alfandegárias da administração Trump mas há uma marca mítica que deverá manter-se à margem desta crise porque praticamente não tem presença nos EUA.

Já ameaçado pela “invasão” dos elétricos chineses, o sector automóvel conheceu um segundo revés com o anúncio das tarifas e a francesa Renault, com uma presença muito consolidada no mercado português, parece ser das poucas marcas do sector a revelar pouca preocupação com os efeitos da designada guerra comercial

A finalizar um processo de recuperação de quase cinco anos, a Renault parece escapar, para já, a esta crise: “Tive muitas dificuldades como conselheiro delegado da Renault nos últimos quatro anos, mas neste caso, não tenho motivos para me preocupar”, reconheceu Luca de Meo, atual homem forte da Renault, numa entrevista antes do anúncio das tarifas do presidente norte-americano.

As tarifas anunciadas no início deste mês, que previam veículos e componentes, interromperam algumas cadeias de abastecimento, prejudicando grandes fabricantes a nível mundial como a Toyota, Volkswagen, General Motors e Hyundai.

Sendo assim, porque motivo a Renault parece esquivar-se ao caos generalizado? Um analista da Bernstein destacou recentemente ao “Financial Times” que a Renault encontrava-se entre as empresas melhor protegidas face à incerteza tarifária, ainda que esse panorama poderia mudar com um “colapso generalizado do mercado”.

Com a reestruturação, a Renault manteve a sua capacidade geral de fabrico, com uma presença  geográfica menos abrangente em comparação com outros fabricantes de automóveis, produzindo menos automóveis, mas com margens mais altas. Este cenário foi validado num momento em que grupos como a Stellantis e a Volkswagen se mostram extremamente pressionados pela guerra comercial em duas frentes: China e EUA.

Apesar de não vender automóveis nos EUA, a Renault não foi totalmente imune às preocupações dos investidores face a uma eventual recessão da economia a nível global. O impacto das tarifas na procura de automóveis fez com que as ações da Renault tenham recuado 9% desde que Trump anunciou as tarifas no designado “dia da libertação”.

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