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Rendimento de Inserção deve estar associado à requalificação, diz Bispo de Setúbal

No entender de José Ornelas, é tudo decidido em função do Terreiro do Paço fazendo de Setúbal uma península para servir Lisboa, um modelo centralizador que diz não funcionar.
  • Foto: Agência ECCLESIA/PR
17 Junho 2021, 09h06

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) e bispo de Setúbal defende que é necessário que o Rendimento Social de Inserção seja cada vez mais associado à requalificação das pessoas.

“O rendimento de inserção deve ser para casos graves ou temporários para levar as pessoas à autossuficiência, porque se não vamos criar uma grande comunidade de subsidiodependentes”, disse José Ornelas em entrevista à agência Lusa, quando passa um ano desde a sua nomeação para presidente da CEP.

José Ornelas considera que as pessoas devem ser autoras e protagonistas do seu próprio desenvolvimento.

Um Estado social, defende, não deve deixar ninguém para trás em aspeto algum, seja no que é preciso para se viver seja para um contributo a dar à sociedade para construir um mundo melhor

Questionado sobre a situação da diocese que dirige, José Ornelas foi bastante critico quanto à distribuição da riqueza na região de Setúbal, considerando que a península está a ser vítima de uma distinção negativa grave ao ser incluída na Nuts de Lisboa e Vale do Tejo (sistema de avaliação de riqueza do país).

“É a tal história de ter dois frangos para dividir por duas margens, um come três quartos do frango e o outro come o resto”, disse.

“São milhares de milhões de euros que a península de Setúbal está a perder”, frisou, adiantando que as empresas estão a ir para o Alentejo onde podem obter 80% de ajudas ou até mesmo a fundo perdido enquanto em Setúbal os subsídios vão até um máximo de 40 por cento.

Setúbal, prosseguiu, que já esteve a um bom nível, voltou agora a descer para um dos piores PIB do país.

“Isto é culpa de uma desorganização ao nível do país que é possível reconverter, mas leva anos e é preciso que lá cheguemos vivos. O que esta acontecer é injusto”, insistiu.

No entender de José Ornelas, é tudo decidido em função do Terreiro do Paço fazendo de Setúbal uma península para servir Lisboa, um modelo centralizador que diz não funcionar.

“Isto não pode ser”, disse, alertando para a necessidade de serem seguidos o que considera serem bons exemplos, como é o caso da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Lisboa, que apostou na sua instalação na margem sul do Tejo.

José Ornelas está a frente da diocese sadina desde 2015, ano em que foi ordenado bispo, depois de ter sido responsável mundial pela Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos).

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