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Representatividade feminina nas TIC aumentou na última década, mas continua em valores baixos

Conferência sobre Tecnologia no Feminino debateu a sub-representatividade das mulheres nas TIC e o que é necessário para alterar este paradigma, quando o sector se debate com escassez de recursos.
Cristina Bernardo
9 Setembro 2021, 16h38

A sub-representatividade feminina nas tecnologias de informação e comunicação em Portugal mantém-se, mas tem havido uma evolução positiva, com a percentagem de licenciadas nestas áreas a aumentar 3,5 pontos percentuais, na última década, para 21%, afirmou a secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro, na conferência sobre Tecnologia no Feminino, promovida pelo Jornal Económico (JE), com o apoio da Huawei.

A proporção de licenciadas em TIC, em Portugal, era de 26,6%, em 1999, mas caiu 9,1 pontos numa década, para 17,5%, o que, para Rosa Monteiro, devia ter feito soar “todas as sirenes de alarme”.

Apesar da recuperação, para os 21% atuais, a secretária de Estado defende que tem de se agir “de forma mais rápida, para termos resultados também mais eficazes”.

“Este é o momento do reconhecimento e da ação, que junta vários stakeholders de várias partes”, acrescentou.

A conferência sobre Tecnologia no Feminino foi transmitida esta quinta-feira, 9 de setembro, e contou com a participação, além de Rosa Monteiro, de Vanda de Jesus, diretora Executiva da Portugal Digital; de Inês Lucas, diretora de IT da REN – Redes Energéticas Nacionais; e de Beatriz Durão, junior Energy Service Engineer da Huawei Portugal.

A governante apontou como exemplos de ação, globalmente, no combate à desigualdade de género, as alterações à legislação laboral nas questões relacionadas com a parentalidade, mas tambéma a introdução de quotas. Nas TIC, são referidos exemplos de ação como os projetos dos “engenheiros por um dia” ou a criação de uma rede de mentoria em engenharia.

“O trabalho tem sido muito interessante e já envolvemos mais de 10.500 jovens, essencialmente raparigas”, disse a secretária de Estado.

Para o futuro, a “aposta é transversal”, com metas concretas inscritas no plano de ação da transição digital. “Temos de ter essas metas no programa ‘Eu sou digital’, nos programas de bolsas, que já estão a ser desenvolvidos, temos metas de 40% a 50% para mulheres e raparigas”, exemplifica.

A persistência do estereótipo indicia que o trabalho de sensibilização tem de ser alargado e generalizado. “Estes estereótipos começam desde muito cedo e, portanto, temos de ter programas, temos de falar diss, temos de começar em casa desde muito cedo e, também, envolver os líderes, que em grande parte são homens”, diz Vanda de Jesus.

 

Apoio familiar e da escola são fundamentais

O apoio familiar e a capacitação do todo o ambiente escolar foram referidos como fundamentais para a inclusão, por todas as participantes, não só no ensino superior, mas antes, nas outras etapas de formação.

Numa altura em que o sector das TIC é apontado como essencial para o desenvolvimento económico e social, no âmbito de um processo generalizado de digitalização, que foi reforçado pelas contingências da pandemia de Covid-19, o Gender Equality Index 2020 aponta, ainda, que as mulheres também investem menos que os homens na formação em competências digitais. Esta ideia é reforçada pelos dados do relatório PISA – o programa da OCDE que mede competências dos jovens dos Estados-membros da organização na leitura, matemática e ciência – que também mostra a persistência do estereotipo de que as ciências são áreas masculinas, registando uma menor apetência das raparigas. “No conjunto dos alunos portugueses com melhores desempenhos, um em cada dois rapazes pensa vir a desenvolver uma profissão na área das ciências e das engenharias, enquanto uma em cada sete raparigas pensa vir a fazê-lo”, refere o relatório. Menos de 1% das raparigas terá admitido ter interesse em tecnologias de informação.

Tanto Inês Lucas como Beatriz Durão, ambas formadas em engenharia, em tempos diferentes, referem a escolha do percurso profissional por opção estratégia e pela empregabilidade, também destacam o papel da família no apoio à decisão.

“Foi uma decisão muito racional de entender que o futuro passava pelas tecnologias de informação, e portanto, uma era uma boa aposta em matéria de emprego”, refere Inês Lucas.

A conferência sobre Tecnologia no Feminino foi transmitida esta quinta-feira, 9 de setembro, através da plataforma multimédia JE TV e das contas do Jornal Económico nas principais redes sociais e continuará disponível em www.jornaleconomico.pt.

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