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Repsol alertou há cinco dias para “falha inesperada” no fornecimento de eletricidade

A empresa enviou uma carta aos seus clientes para explicar a suspensão da atividade na refinaria de Cartagena, por motivos de “força maior”.
29 Abril 2025, 09h52

“Uma paragem inesperada devido a problemas técnicos com o fornecimento de eletricidade.” Foi assim que a Repsol alertou, há cinco dias, alguns dos seus principais clientes de que as entregas de produto na sua refinaria de Cartagena ficavam suspensas a partir desse momento até à resolução completa do incidente. A notícia é avançada pelo jornal espanhol El Mundo, que teve acesso à carta enviada pela Repsol, datada de 24 de abril.

Tratou-se, segundo fontes conhecedoras, de uma “grave falha elétrica alheia à instalação”, cuja dimensão obrigou a Repsol a acionar uma cláusula de “força maior”, conforme consta no documento. Os mecanismos de proteção das refinarias são ativados quando detetam desequilíbrios no sistema elétrico, como o que gerou este apagão. Estes mecanismos servem para evitar um colapso nas operações, uma vez que só são ativados após a rede elétrica estar totalmente estabilizada.

Nesse mesmo dia, o ministro dos Transportes, Óscar Puente, atribuiu no seu perfil da rede X as perturbações na linha ferroviária de alta velocidade entre Chamartín e Pajares – que separa Castela e Leão das Astúrias – a um “excesso de tensão na rede (elétrica)”. A Red Eléctrica indicou, já ao final da tarde de ontem, que a causa do apagão foi um forte desfasamento entre a oferta e a procura, “devido a uma perda de geração” superior à capacidade de compensação.

De acordo com o El Mundo, uma análise à evolução do sistema elétrico espanhol na última semana evidencia uma tendência cada vez mais comum: um excesso de geração fotovoltaica, sempre nas mesmas horas, que chega a ultrapassar a procura. Para manter a estabilidade do sistema elétrico, a oferta tem de corresponder à procura 24 horas por dia, 365 dias por ano.

“Num sistema como o ibérico, fracamente interligado com o resto da Europa, a entrada contínua de energia solar e eólica deve ser acompanhada de tecnologias que ofereçam flexibilidade, se se quiser substituir o gás e, eventualmente, a energia nuclear, para compensar os desequilíbrios naturais que desajustam a equação entre geração e procura”, alertou um alto responsável do setor ao El Mundo.

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