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Respostas Rápidas: As principais decisões em causa na noite eleitoral

O PS de António Costa vai conquistar um resultado superior ao “poucochinho” obtido pelo PS de António José Seguro em 2014? Algum dos principais partidos vai reconhecer que foi derrotado? A abstenção vai aumentar ou diminuir? Respostas a estas e outras perguntas sobre as eleições europeias.
26 Maio 2019, 18h24

O PS de António Costa vai conquistar um resultado superior ao “poucochinho” obtido pelo PS de António José Seguro em 2014?

A generalidade das sondagens indica que sim. Nas eleições europeias de 2014, o PS de Seguro obteve 31,46% dos votos, mais 3,75% do que a coligação PSD/CDS-PP que se quedou em 27,71%. Foi com base nesse resultado que classificou como uma vitória por “poucochinho” que o então presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, avançou para uma disputa pela liderança do PS, acabando por derrubar Seguro a cerca de 16 meses das eleições legislativas de 2015.

Ora, para as eleições europeias de 2019, as últimas sondagens apontam para uma vitória do PS com 32 a 36% dos votos. Mesmo não estando muito acima dos 31,46% de Seguro, o facto é que a distância para o segundo classificado deverá aumentar, se se confirmarem as previsões das sondagens (algumas apontam para 10 pontos percentuais de vantagem do PS em relação ao PSD). Quanto ao número de mandatos, as sondagens também indicam que o PS deverá chegar aos nove, mais um do que os oito conquistados em 2014, enquanto o PSD deverá manter-se nos seis. A confirmar-se, será uma noite tranquila para os socialistas.

 

Algum dos principais partidos vai reconhecer que foi derrotado?

Muito provavelmente, não. Desde logo porque, mesmo perante resultados catastróficos, os políticos portugueses raramente assumem uma derrota. Neste caso específico, será ainda mais improvável que o façam, ou porque colocaram a fasquia no mínimo possível, ou porque já ensaiaram diversas formas de leitura dos resultados (sobretudo o PSD e o CDS-PP que concorreram coligados em 2014 e têm insistido em termos de comparação muito fluídos para a noite eleitoral de hoje).

Não obstante, para a CDU será mais difícil camuflar uma eventual derrota: os comunistas partem de um resultado extraordinário em 2014 (com 12,68% dos votos e três mandatos) que muito dificilmente será replicável. As sondagens apontam, aliás, para uma ultrapassagem pelo BE (a caminho de duplicar ou triplicar o fraco resultado de 2014, com 4,56% dos votos e um mandato) que, dependendo da amplitude, poderá abrir um processo de reflexão interna no PCP, na medida em que a perda de eleitorado nas autárquicas de 2017 já tinha sido bastante significativa.

 

A abstenção vai aumentar ou diminuir em comparação com 2014?

Deverá aumentar em percentagem mas diminuir em valores absolutos. Confuso? É simples. A taxa de abstenção nas eleições europeias em Portugal tem vindo quase sempre a aumentar, desde os 27,58% registados em 1989 até aos 66,16% registados em 2014. Nas últimas três eleições, entre 2004 e 2014, verificaram-se sucessivos aumentos, passando de 60,07% em 1999 para 61,40% em 2004, 63,22% em 2009 e os já referidos 66,16% nas mais recentes eleições europeias. Ou seja, a tendência é para aumentar.

Mais, no ano passado, o recenseamento automático de portugueses que vivem no estrangeiro fez disparar o número de eleitores de 318 mil para cerca de 1,4 milhões. Ou seja, o universo eleitoral nos círculos da emigração mais do que quadruplicou. É nos círculos da emigração que a taxa de abstenção em eleições portuguesas costuma ser mais elevada. Passando de 318 mil para 1,4 milhões de eleitores nesses círculos, a probabilidade de aumentar ainda mais a taxa de abstenção é elevada.

No entanto, os primeiros números divulgados hoje sobre a taxa de afluência apontam para um aumento do número de votantes, apesar de representarem uma menor percentagem (isto porque o universo eleitoral é maior, como já referimos). De acordo com os dados da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, a taxa de afluência às urnas, até às 16h de hoje, foi de 23,37% (em 2014, à mesma hora, foi de 26,31%). Os eleitores com capacidade eleitoral ativa em 2019 são 10.761.156 no total, quando nas anteriores eleições para o Parlamento Europeu, em 2014, eram 9.696.481 no total.

 

Há algum partido novo (ou sem representação no Parlamento Europeu) em condições para eleger pelo menos um eurodeputado?

Atendendo às sondagens, apenas o PAN e a Aliança deverão aproximar-se desse objetivo, embora não seja provável que venham a concretizá-lo. Há algumas sondagens que apontam para cerca de 3% de intenções de voto no PAN e no Aliança, mas essa percentagem não seria suficiente para conquistar um mandato. No entanto, há que ter em atenção uma possível surpresa: em 2014, por exemplo, as sondagens indicavam que o MPT de António Marinho e Pinto teria cerca de 4% das intenções de voto, mas nas urnas acabou por obter quase o dobro (7,14% dos votos e dois mandatos). As sondagens em 2019 poderão ter subestimado estes partidos.

 

O Partido Popular Europeu (PPE) continuará a ser maioritário no Parlamento Europeu?

Em princípio, sim, embora perdendo bastantes mandatos. Há sondagens muito díspares, mas quase todas apontam para a manutenção de uma maioria do PPE (no qual estão integrados o PSD, o CDS-PP e o MPT) no Parlamento Europeu. O segundo maior grupo político continuará a ser o da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D), no qual está filiado o PS. De acordo com as sondagens disponíveis, apesar de manterem a predominância, tanto o PPE como o S&D deverão perder dezenas de mandatos.

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