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Respostas Rápidas. Como é que a Moody’s analisa Portugal?

A agência de notação financeira publicou um relatório em que responde a perguntas de investidores sobre a sustentabilidade das melhorias orçamentais e económicas de Portugal, menos de uma semana depois de ter subido o ‘rating’ da dívida nacional.
18 Outubro 2018, 18h02

A Moody’s tirou o rating de Portugal do ‘lixo’, após sete anos neste nível, na sexta-feira passada, justificando com a descida do elevado nível de endividamento, bem como o crescimento económico do país. Esta quinta-feira divulgou um novo relatório com frequently asqued questions (FAQ), em que explica o outlook económico e orçamental para Portugal.

“O desempenho orçamental de Portugal (Baa3 estável) superou as expetativas nos últimos dois anos e o crescimento real do PIB [Produto Interno Bruto] subiu para o nível mais alto (2,8%) em 17 anos em 2017, o que significa que a economia está de volta aos níveis pré-crise em termos reais. Neste relatório, respondemos a uma série de perguntas de investidores sobre a sustentabilidade dessas melhorias orçamentais e económicas”, refere a agência de notação financeira.

A economia está mais resiliente a um novo choque?

Apesar de a economia portuguesa ter beneficiado da recuperação na Europa, um mercado de trabalho saudável e uma confiança robusta dos consumidores registaram um forte crescimento do consumo privado, enquanto a recuperação da confiança após a incerteza pós-eleitoral no início de 2016 também apoiou uma ampla aceleração do investimento para uma taxa de crescimento anual de cerca de 9% em 2017, lembra a agência.

Além disso, a contribuição mais forte das exportações ampliou ainda mais as perspetivas de crescimento e ajudou a reequilibrar a economia em direção a setores comercializáveis. Os ganhos de participação de mercado de exportação em relação aos pares regionais em bens e serviços adicionam resiliência às perspetivas de exportação.

Dívida vai continuar a cair?

O compromisso do Governo de manter défices abaixo de 3% do PIB, previsões estáveis ​​de crescimento económico e queda dos riscos do setor bancário e das políticas domésticas sustentam as expetativas da Moody’s que a dívida continuará a cair para 116% do PIB até 2021, ou cerca de 13 pontos percentuais inferior ao final de 2016. Esta trajetória descendente da dívida também se mantém relativamente robusta a um modesto aumento das taxas de juro.

Porque é que a perspetiva é estável e não positiva?

Para uma perspetiva positiva seriam necessários excedentes primários mais elevados que acelerassem o declínio do peso da dívida da economia, segundo a agência. No entanto, a capacidade do Governo para alcançar esses excedentes “enfrentará obstáculos a partir de pressões para aumentar os salários dos trabalhadores do setor público e da necessidade de recuperar alguns cortes significativos nas despesas de capital para salvaguardar a qualidade dos serviços públicos”, refere.

Além disso, as restrições estruturais na economia, como a elevada dívida corporativa, pesarão sobre o investimento, enquanto elevados níveis de trabalhadores pouco qualificados “pesarão sobre a produtividade”, acrescenta.

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